. teu
Uma folha em branco à minha frente, o cursor que pisca nervoso, vontade de ir para cama dormir - ou ler um livro, talvez - mas o vício me mantêm aqui como um réu confesso a espera da sua vez de falar. Eu sou um réu a espera da minha vez.
Estive pensando sobre tantas coisas, mas a indolência me fez largar tudo em que às vezes penso. Nada mais confortante que a assunção dos nossos próprios pecados. É gostoso dizer - e saber - que a busca da perfeição é uma chatice inalcançável e distante, portanto indigna de nossos ânimos.
O Tom tocando sem parar, o frio dessa noite de segunda e o prazer de uma taça de vinho tinto gelado. Eu falei para a morena ficar, mas ela se foi apressada, deixando para trás seu bonito anel de pedrinhas. Elas são assim mesmo, vão e vêm exatamente quando a gente menos quer.
Fecho a fresta da janela que traz o ar gelado do mundo lá fora. Fecho a janela mas só por essa noite, porque amanhã quero ver o sol, quero me queimar. Mas por você, minha ave noturna, deixo o nosso quarto escuro e quente só para te deixar dormindo até mais tarde. Guardarei o sol para quando o sol você quiser. E você há de querer. Te guardarei de tudo morena, porquê o mundo lá fora corre veloz.
Comecei esse textinho sem saber o quê dele fazer, mas aí você me veio e o tomou de assalto só para ti. Toma, amor, ele é todo seu, assim como tudo o que há em mim.
Inventado por: Henrique Neto às 18:22 | Link |
|