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20060223
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Para você
Vejo você andando descalça pela casa e tenho a certeza que gérberas lhe cairiam muito bem. Exatamente as laranjas, daquele ramalhete imenso que não pude lhe comprar (dessa vez, especificamente, porque estava sem grana) apesar da intenção e do agrado que sempre te faço.
Você reclamando de minhas manias a cama te esperando entre comentários inteligentes paredes respirando cautelosas minha caixa de ferramentas que nunca fecha e uns planos de ir conhecer Iguape.
Hoje mais que nunca, darling, eu estive pensando em quantas coisas boas você tem me feito, e que de uma hora para outra, parece não fazer sentido viver sem flores na casa, incensos pastorando nossas intimidades, um gato por testemunha ou a geladeira sortida de comidinhas para as noites de festinhas particulares.
Eu de fato nem sei se você, de fronte ao espelho do banheiro enquanto se maquia, pensa no rumo que as coisas estão tomando. Será que pensa em quanto sou dependente de seu cheiro, de como preciso de teus fluídos e de como meu pau preenche – sem excessos – as partes mais inusitadas de você?
Não sei o que pensaria o som da sala, ou se a mesa de centro gostaria de viver sem os seus esbarrões, suas manhas, ou dos momentos quando procuras o maço de cigarros distraídos e deixa cair coca-cola sobre livros e revistas.
Não sei se a casa se desacostumaria a ordem tacanha que você a submeteu, aos seus horário desregrados para dormir, acordar, dormir de novo e fazer a unha do pé em plena tarde de terça-feira. Talvez ela reclame do seu disco de Mário Veloso, talvez ache bacana seu vestido de florzinhas, ou simplesmente pense que torcer pelo Flamengo não seja assim tão ruim.
São só elucubrações, talvez a dispensa ache você fundamental para seu funcionamento e a geladeira pense que, sem você, a vida dela é vazia, tendo apenas alguns legumes tímidos e laticínios de validade duvidosa.
Inventado por: Henrique Neto às 20:42 | Link |
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Carta ao amigo no bairro ao lado
É meu amigo, hoje sou eu quem precisa te escrever. As coisas estão esquisitas por aqui. Nossos amigos – como bem lembrou João – continuam na aba dos pais, reclamando do sistema e chamando o governo de "palhaço". As meninas, um tanto indóceis, continuam exigindo amor eterno, discussão da relação e fidelidade da nossa parte. Já não se pratica mais um sexozinho despretencioso por essas plagas. Uma pena...
Mas, como nem só de malogros vive esse seu amigo de alma velha e doída, é verão aqui em Natal, as meninas estão apetitosas em seus vestidos e saias, as praias estão a cada dia mais bem freqüentadas e aquele amigo, depois de tanto aperrear o juízo da gente, desistiu de Chomsky. "Já não era sem tempo", imagino você a dizer.
Acho que dessa vez opero daquele cisto cebáceo e paro de sentir dor no pé depois de fazer longas caminhadas. Na verdade não tenho caminhado nada, longo ou curto. Ter carro, além de ser uma brincadeira cara, te transforma num bosta mais preguiçoso e rechonchudo que o normal.
Parece que a venda de livros agora vai decolar, dizem até que vai ter uma queda nos preços. Eu duvido. Os livros que preciso comprar, mesmo aqueles podres de bolso, continuam caros. Ah, e como é fácil supor, as pessoas a quem empresto sequer dão-se ao trabalho de devolvê-los, ou quando o fazem, o pobrezinho vem num estado tão deplorável que era melhor nem ter voltado.
Eu continuo solteiro por uma razão muito óbvia, não tem nada melhor ter nascido homem, ter todos os dentes e nenhuma doença contagiosa (ou coisa parecida). Não se faz muito esforço e bem... você sabe, sempre tem umas bichinhas para a gente arrochar. "Bichinha", como já te disse, lá no meu Rio Grande quer dizer mulher gostosa. Nada a ver com a bichinha aqui de vocês. Lá em casa, agora pelas férias, tem sempre companhia das boas. Você ia achar uma belezura. O forró está a cada dia melhor, tenho ido a umas rodas de samba, outro dia fui parar na arquibancada num jogo do São Paulo e achei a idéia muito boa.
Tenho pensado em fazer uma viagem de mochila pela costa oeste do continente, lavar prato por um tempo na gringa ou quem sabe até, voltar para o Rio Grande e vender água de coco em Pipa.
Meu amigo, vou acabar essa carta por aqui se não perco meu vôo, a moça da infraero já está me ameaçando pelo falante com aquela voz amanteigada.
Vê se escreve, seu porcaria!
Inventado por: Henrique Neto às 07:47 | Link |
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20060212
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Cara...
e coração.
Como diria o seu dono: - bonito papé.
Inventado por: Henrique Neto às 11:50 | Link |
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20060209
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Minha pequenina Espírito Santo/RN
Inventado por: Henrique Neto às 20:52 | Link |
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20060208
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"Ah, mas essa história toda só começou por conta do álcool..." Que ótimo! Eu só acredito nos deuses que bebem e dançam. Esses sim, conseguem perceber a graça desse mundo embebido na volatilidade do éter. E viva Baco! Três vezes viva!!!
Da série: Trecho de Cartas Impublicáveis
Inventado por: Henrique Neto às 14:07 | Link |
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20060207
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Minhas férias
Começo de ano é sempre igual (até os escritos falando sobre o começo do ano também o são), dias de ócio, calor, passeios, praia, sítio e quando a gente está gostando da brincadeira, lá vem a escola começando antes do verão terminar. Life is not fair. Os professores não se fazem de rogados, regidos pelos deuses da preguiça nos encomendam aquela famigerada e monotemática redações: "minhas férias”. Nessa hora, ainda fatigados pelo calor, decepcionados com as viagens não feitas e as vontades não atendidas, oscilamos no tom a ser empregado na prosa.
Minhas férias não foram tão longas quanto gostaria, mas foram mais compridas que o meu orçamento permitia. Tomei banho de praia, bica e piscina, mas não de açude. Beijei quem não conheci, prometi o que não devia, mas ainda acho que não foi o bastante. Reencontrei velhos amigos, despistei dos desafetos – novos ou velhos –, bebi razoavelmente, ri em demasia, bati perna, fui seduzido, deixei seduzir, redescobri pequenos prazeres, fomentei manias, sufoquei a saudade, dissimulei sorrisos, cutuquei onças com varas curtas e outras nem tanto, despertei olhares, suscitei possibilidades, desisti de propostas, requentei paixões, me meti onde não devia, cheguei onde não poderia, declarei amores a quem já sabia, reafirmei o desprezo de quem merecia, respeitei minhas vontades, deixei de dormir, ouvi música que não me agradava, dancei até fazer calo, abusei da pouca roupa, acordei o dia e suas alvoradas marciais, fui pagão na festa santa e por vezes, cuspi na lógica e seus achaques.
Fiz isso tudo, noves fora a parte que invento, mas se perguntarem digo que não vi. Tudo em nome da literatura a do bom relacionamento com o professor. Esse sujeito taciturno e cheio de si, que me avaliará até as próximas férias.
Inventado por: Henrique Neto às 13:53 | Link |
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