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20050930
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Da tirania da magreza. Por Xico Sá.
"PARA REABRIR O APETITE DAS MOÇAS
Nada mais bonito do que uma mulher que come bem, com gosto, paladar nas alturas, lindamente derramada sobre um prato de comida, comida com sustança. Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes, sonhos, o céu da boca. Ela toma uma caipirinha, a gente desce mais uma, sábado à tarde, nossa doce vida, nossos planos, mesmo na velha medida do possível.
Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.
Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface. E uma tal de rúcula? Vixe!
A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, uma massa, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um barreado, um bife à milanesa, um torresmo decente, uma costela no bafo.
Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ''Os Desajustados'', quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida, abafa o caso.
Toda preocupação feminina agora está voltada para a estatística das calorias, as quatro operações da magreza absoluta, ditadura da tabuada, lero lero, vida noves fora nada. É como se todas fossem posar para a ''The Face'' do dia para a noite, fazer bonito nos editoriais de moda, vôte! Mal sabem que isso não tem, para homem que é homem, quase nenhuma importância.
François Truffaut, o francês cineasta, padrinho sentimental deste cronista de costumes, já alertava, em depoimentos registrados em suas biografias, o valor insuperável das mulheres normais e o seu belo mundo de pequenas imperfeições. Tudo sob medida das nossas taras sem réguas, sem balanças, sem trenas.
Além do prazer de vê-las comendo, coisa mais linda, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, cricris, chatas, dão mais trabalho na rua, em casa, no bar, pense no barraco!
Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.
Às fogazzas, aos pastéis, ao cabrito assado e cozido, ao sanduíche de mortadela, ao lombo, de lamber os lábios, ao chambaril, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado, que capricha na carne e incentiva os pecados. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste!!!
O importante é reabrir o apetite das moças, pois homem que é homem, como diz meu velho mantra, não sabe sequer _nem procura saber_ a diferença entre estria e celulite".
Inventado por: Henrique Neto às 12:22 | Link |
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20050927
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Arrego
Foi numa roda de samba que vi você dançar. Você não estava, mas sua falta se avolumou de tal maneira, que quase tocava a presença. Aqueles homens antiqüíssimos em volta de uma mesa, aquela cantoria em desuso e todas as reverências à deusa negra, fizeram daquele lugar um terreiro de luxo.
Eu pisava o chão molhado, eu ouvia as batidas do surdo e via você desfilar em todas as mulheres que sambavam. Você era todas as outras. As morenas, ruivas, neguinhas, branquinhas, as da fila do banheiro, todas elas agora tinham seus olhos de azeviche.
Eu bem tentei te esquecer, mas minha vontade nessas horas arrega. Estava difícil conseguir e só piorou quando baixou a Clara. A nega do vocal rodou cantando aquela feira que você tanto gosta, depois baixou o nego Jorge e a galera gritava, em meio aos passos desastrados dos rapazes dessa cidade.
Faltou você no terreiro, nega. Eu tinha essa certeza. E olha que te digo de artigo de luxo em minha vida. Faltou. Não sei (em verdade sei) por quais cercanias tu andavas, mas a sombra leve da tua lembrança estava ao meu lado, me pastorando de canto de olho, pairando sobre as idéias cevadas que me acompanhavam.
E chuva caiu, velha se embebedou, a nega sorriu, o povo se animou e bem antes do galo cantar, voltei para casa em companhia de não sei bem quem.
Já com o sol bem alto e a embriagues me amarrando à cama, lembrei da saudade que você fez, do samba que você não viu, da dança que você deixou, e do outro dia chuvoso quando te conheci.
Inventado por: Henrique Neto às 12:19 | Link |
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20050926
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Essa é mais uma da Rosana Hermann. A letra da paródia da música "Aquele Abraço" (Gilberto Gil).
BRASIL DOS DOLEIROS Rosana Hermann
Este samba, vai pra todos os doleiros, todos os trambiqueiros e todos os políticos envolvidos na corrupção!
Brasil dos doleiros, continua lindo Brasil dos doleiros, continua sendo Brasil dos doleiros, de abril a março, Alo, alo, Barcelona, aquele abraço, Alô, doleiro do Maluf, aquele abraço. (2x)
O barba continua engordando a pança Tá no fundo do poço e tomando cachaça E continua dando de João sem braço, Alo, alo, Zé Dirceu, o guerrilheiro, Alo, alo, Seu Valério, o trambiqueiro Alo, alo, Severino, velho palhaço, Alo, alo, Genoino, aquele abraço!
Alo, grampo nos correios, aquele abraço, Alo Duda das campanhas, aquele abraço, Mensalão e mensalinho, tudo ricaço! Alo grana na cueca, belo chumaço! Essa turma de corruptos, só tem palhaço E o dinheiro aqui do povo, ficou escasso O governo do PT, é um fracasso Me dá dores de cabeça, e até no baço, O Brasil é dos doleiros, aquele abraço! Alo, pobre brasileiro, aquele abraço !
Inventado por: Henrique Neto às 13:49 | Link |
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20050923
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Do cheiro que cada lugar tem
Sentiu sua falta logo que entrou em casa. O calor da sua presença, as coisas deixadas como da última vez e seu inconfundível cheiro, estava em toda parte. Se deu conta que nunca mais a veria.
Ficou exausto com a idéia. Terrivelmente exausto.
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A perfeição (ou quase) figura nas histórias com a frase "um belo dia".
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Um belo dia, quando tudo parecia feliz e completo, quando a conversa entre eles já era fluída e sem disputas, ficou muito satisfeito ao perceber que ela operava na mesma freqüência. Agora, depois de sua partida sem despedidas, sem ao menos levar seus pertences, ele se sentia um derrotista. Fracasso.
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O problema das pessoas deixarem de fazer parte de nossa vida, é que ficamos divididos entre o sentimento de 'perda' – como se a pessoa em questão fosse um objeto, ou coisa qualquer que figura em nosso imposto de renda – e a saudade propriamente dita. Saudade é o termo exato, posto que 'falta' cai na ingrata ciranda das coisas um dia possuídas e ora perdidas.
Percorrem esse mesmo caminho os questionamentos que vêm a posteriori.
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Fato é que agora, eles não mais poderão ter suas longas conversas sobre... Bom, isso era algo muito deles. Não nos cabe entrar no denso território das intimidades alheias. Voltemos à cena da casa, pois.
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Quando se adentra em um ambiente, a partir da perspectiva em que as vemos, as paredes convergem em nossa direção como se dissessem: "cá estamos para lhe dar guarida". As paredes são, portanto, seres – não humanos – e como tal, respiram. Nós sentimos essa 'respiração' e ela pode, inclusive, ser medida em ondas de vibração [discorreremos melhor sobre o tema em uma crônica mais adequada].
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No dia em que voltou a casa, sentiu que as paredes respiravam numa cadência diferente. À sua frente, intermináveis cortinas sobrepostas o obrigavam a tatear enquanto caminhava. Não era mais sua aquela casa, nunca mais poderia gritar da porta da sala: "cheguei, você está onde?". Havia de sair de lá. Fato.
Saiu, mudou de cidade, deixou a família para trás e foi viver longe. Esqueceu-se, contudo, que quando a gente viaja, se muda ou se converte para alguma comunidade sectária, junto das roupas e pertences, vem acomodada num canto de mala a saudade, a tristeza e todas as coisas intangíveis das quais tentamos nos apartar.
Isso aconteceu. Foi perceber anos depois.
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Hoje explora tecnologias para depois desdenhá-las.
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Manda a regra que o final de uma história deve ter um desfecho feliz, ou minimante surpreendente. Isso agrada aos leitores.
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Essa história está longe de terminar.
Inventado por: Henrique Neto às 10:22 | Link |
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20050919
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Brinquedo Novo
- Esperar vale a pena? E em valendo, por quanto tempo?
Estive pensando nisso depois que nos falamos ao telefone, nega. Fiquei com aquela sensação de borboletas no estômago, sabe? Hordas de borboletas se debatendo dentro de minha barriga, levaram embora meu sono, meu sossego e as poucas certezas que acreditava ter.
O que mais me faz gostar de você é sua capacidade de me tirar de órbita. Absurdo, mas você confunde meus santos, desalinha os orixás e deixa um caos no meu terreiro. Clara Nunes que me socorra, mas com você por perto eu perco a linha. Sério!
Claro, a culpa não é sua, nem nunca será. É só uma questão de idéias, afinidades e hormônios (muitos) em ebulição. Toda vez que você se despede e vai embora, fico me sentindo um derrotista, um bosta sem atitudes. Não que eu não o seja, mas a sensação é bem pior. Minto, é ruim tanto quanto bater com o dedo mindinho na quina da cama. Dá raiva.
Agora, enquanto estou nesse estado de concentração e as coisas se aclimatam para você, meus sentimentos vão ficando cada vez mais densos, mas vou esperar. Acho que vou. Enquanto isso tentarei apreciar a paisagem, tirar onda e ver até onde isso vai dar. Até quando menina, você vai brincar?
Meu medo não é o tempo de espera, mas o tamanho da minha paciência, pois ela é pequeninha; tal como seu brinquedo novo.
Inventado por: Henrique Neto às 18:02 | Link |
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20050913
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Das habilidades de um macho
Um homem, proprietário de um barbeador, tem de dominar algumas habilidades que são inerentes à sua condição. Um macho de barba na cara e contas vencidas deve, sim, ser bem versado nas artes mundanas. É, portanto, inadmissível qualquer falha em uma dessas áreas e ficam aqui revogadas quaisquer disposições em contrário.
Saber beber, dirigir, comprar flores, dizer que ama, beijar e encher de carinhos a mulher amada, são dessas condições 'sine qua non' na vida de um macho da espécie humana, e por não ter domínio de um destes pré-requisitos, é que os deuses se voltam contra mim.
Meu pecado? Não saber beber, nobre deputado.
Um homem sem intimidades com as divindades de Baco, está fadado a penar pelos bares da vida. Afinal, não é de hoje que a popular sabedoria versa sobre o desmando que o de bêbado tem. E para cada bêbado sem dono tem sempre uma feia à espreita, pronta para se aproveitar dos alcoolizados e congêneres.
Bebi, fiquei elegante, perdi a linha e vi a luz no fim do corredor. Graças à Deus era o banheiro e aí, aproveitei para ter uma longa conversa de pé de ouvido com a alva louça. Me expus e quando deitei num canto qualquer em busca de um remanso, virei brinquedinho de uma feia-nostálgica. Sim, porque só as feias são nostálgicas e graves. Só elas sabem a dor de ser o que são.
O álcool, a escassez de luz e 1,76m. de pura falta de noção fizeram a festa de uma feia. Ela e Deus sabem o que foi feito desse corpo magro (as chupadas descobertas no dia seguinte me deram uma pista do acontecido).
A resenha dos amigos contando dos clamores da feia - ela rogava para que eles me deixassem lá aos seus 'cuidados' - serviram para eu decidir de uma vez por todas: eu tenho de aprender a beber. Rápido.
Inventado por: Henrique Neto às 12:11 | Link |
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20050908
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Samba lento para um carnaval antigo
Era um samba tristíssimo de andamento lento. A letra – de uma delicadeza há muito perdida – dizia de um beijo na boca seguido de morte passional. A batida do surdo ecoava pelas ruas da cidade, na sala de estar, entre os livros na estante, pela louça escorrendo na pia e nos olhos de azeviche da morena.
Dummm... Dummm... Dummm...
O carnaval, uma festa bem triste, se anunciava ao som de sambas antigos pelos amplificadores nos postes, num programa vespertino da prefeitura. Uma amiga confessou outro dia, que no fundo acha bem deprimente essa alegria rasgada em máscaras, bailes e panos de guardar confetes. O carnaval é um samba que cai, o bloco é um samba que cai, o folião é um samba que cai. Samba de breque, talvez.
De novo o surdo. Segure a mesma cadência, por favor.
Ontem, almoçando na casa de amigos, o poeta disse que "tristeza não tem fim, felicidade sim". Essa foi a senha para me lembrar de um carnaval secular, onde vi passar o bloco mais triste do mundo: eram uns papangus de máscaras horríveis, que dançavam ao som de uma cadência de beleza duvidosa, e pediam trocados a quem deles se ocupava.
Desse dia para frente, passei a duvidar se a festa da carne existia (em si mesma), ou se era só uma tentativa falsa de alegria, como os 'grandiosos espetáculos' anunciados por um circo roto que, todos os anos acampava lá pelas bandas do rio de Jacu.
Inventado por: Henrique Neto às 12:03 | Link |
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