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20040430









Inventado por: Henrique Neto às 14:00 | Link |



Gruta do Bode


Meu pai saiu de casa atrás da febre do ouro. Meu pai e seus amigos, os sete atrás de uma história contada pelo avô do meu avô a ele e dele a meu pai ainda menino. A história ecoava na cabeça do meu pai desde de sua meninice com memória. Sabia o que fazer para conseguir tão abastada recompensa e sabia também que, ao encontrá-la, os netos dos seus netos viveriam na mais confortável fartura que nenhum homem da região jamais imaginou.

Depois de tudo combinado, cordas compradas e cachaça tomada, partiram numa caravana de exploradores. O local ofertava aos seus encorajados visitantes duas opções apenas. Vamos deixar a mais funesta para lá e tentar lembrar da que diz da recompensa em ouro. Sacos e mais sacos de couro cheios de ouro.

O sol nem tinha acordado direito quando eles chegaram à Gruta do Bode. Era ali onde estava seu futuro de farturas incontáveis. No meio da mata a boca de entrada da gruta de tanto esperar, parecia já ter desistido de receber alguém. Amarraram as cordas nos troncos mais grossos das árvores e na outra ponta um flashlight. Começaram a descida na mais perfeita escuridão e o contrário dos heróis clássicos, os sete homens - incluso o que não ia entrar na gruta - estavam morrendo de medo, teriam desistido se não estivessem envergonhados e bêbados.

Ao descerem na antecâmara de entrada, um cubículo apertado e húmido, viram que o trajeto teria de ser percorrido de quatro pernas. A passagem era um túnel de metro e meio de diâmetro com extensão desconhecida. Não foi preciso avançar mais que três metros para saberem que lá dentro estava cheio de morcegos, e esses passavam voando tão rentes às suas cabeças que esbarravam. Mais alguns metros e o flashlight apagou, seguiram adiante só por saberem que voltar só se fosse de costas e como não é difícil imaginar, essa tarefa não seria simples por razões puramente motoras.

Tendo percorrido uma distância imprecisa e por isso cansados, chegaram a uma câmara de dois por dois onde podiam, com relativa dificuldade, ficar de pé. No centro havia uma espécie de clarabóia muito pequena que trazia um fio de luz de fora. Essa câmara tinha mais outras três bifurcações além da que eles saíram. Escolhida por qual delas entrar, eles percorreram a mesma distância da primeira com as mesmas dificuldades e um agravante, seus joelhos estavam começando a ficar em carne viva.

Depois de chegarem à quarta câmara perceberam que estavam em um labirinto subterrâneo e qualquer escolha que fizessem os levariam a outra câmara igual, com outras quatro bifurcações e uma pequena clarabóia. Nesse cenário inóspito tiveram tempo de se sentirem sozinhos (não a solidão do grupo, mas a de cada um), se arrependerem, sentir saudades de casa e dos filhos, ter medo, vontade de chorar, rogar a Deus, ter medo de novo e o desejo imensurável de encontrar a saída.

João, dessa vez a frente da fila, resolveu gritar pelo amigo que estava do lado de fora da gruta, os seus gritos e o eco provocado os confundiam, mas depois de um tempo insistindo perceberam a diferença desses e da resposta do amigo do lado de fora. Pediram para que ele permanecesse falando enquanto tentavam se guiar no escuro pelo som da sua voz. Depois de andarem de câmara em câmara, viram que se tratava de um inútil labirinto composto de poucas mais de meia-dúzia de câmaras interligadas infinitamente sem levar a lugar algum. Se ainda fosse dia seria mais fácil achar a saída pelas clarabóias, mas havia transcorrido tanto tempo naquele vai e vem desmedido que se não fosse pela voz-guia do amigo do lado de fora, nunca teriam conseguido sair daquele nó.

Algum tempo depois, João finalmente sentiu bater em sua cabeça a corda de subida, aliviado talvez tenha feito uma rápida analogia entre essa corda e o fio de Ariadne. É mais provável que não, posto que estava cansado demais para digressões literárias e analogias com Minotauros e seus labirintos.

Em casa de banho tomado (e sem um grama de ouro se quer), no meio de uma roda de pessoas curiosas para ouvir do acontecido, João pôde sentir alívio ao ver nos olhos de cada um que o achavam louco, corajoso e acima de tudo davam graças a Deus por ele estar vivo.

Tempos depois, os sete aprontaram outras presepadas etílicas nessa mesma linha, mas dessa vez tomaram cuidado para não entrar homem demais em buracos de menos.



Inventado por: Henrique Neto às 11:34 | Link |

20040428



Para um amor no Recife
by: Paulinho da Viola

A razão porque mando um sorriso
e não corro
É que andei levando a vida
quase morto
Quero fechar a ferida,
quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
colorida que cobria
minha dor
Meu amor eu não me esqueço
Não se esqueça por favor
Que voltarei depressa
tão logo a noite acabe
Tão logo este tempo passe
para beijar você



Inventado por: Henrique Neto às 23:37 | Link |



. pagodeiro de Emaús


Largou a escola depois de uma briga feia em casa. "Ícaro não é mais o mesmo", diz sua avó Carmina com os olhos rasos. O pai, arrasado, entrou para uma dessas associações de perdedores anônimos ou coisa parecida. Ícaro deixou tudo para trás e agora decidiu ser pagodeiro. Aos domingos faz com o Pinta e outros amigos, uma roda de samba num posto de gasolina lá em Emaús. Nada mais déclassé.

"Ícaro não é mais o mesmo", diz a tia Telma com razão. Sua ruína começou depois que entrou pra escola secundária e conheceu uns amiguinhos de procedência duvidosa. A mãe, maravilhada como dinheiro fácil que ganha na corretagem de imóveis, vive eternamente ocupada com suas plásticas e cremes, não tem tempo para ele e seu irmão mais novo (o atleta de cristo). Nem percebeu quando ele começou a beber, fumar, fez a primeira tatuagem e participar de festinhas onde havia uma só regra: "quem se comportar veste a roupa e vai embora".

Marina, Juliana e Karla foram as três últimas que Ícaro obrigou a provocar aborto. Marina também diz que "Ícaro não é mais o mesmo" e lembra emocionada quando eles passavam as tardes no cinema do shopping vendo filme e comendo pipoca com coca-cola.

Semana passada foi parar no hospital com uma crise de hipoglicemia alcóolica. A mãe jura que isso é coisa do tal Pinta, acredita que depois dessa amizade "Ícaro não é mais o mesmo", disse aos gritos no corredor do hospital.

Agora trancado em casa de castigo, sem as rodas de pagode em Emaús, bebida, mulheres e rimas fáceis, Ícaro resolveu pintar um quadro onde - segundo ele e sua presunção - está simbolizado numa figura completamente non sense, toda a família e seu histórico trágico-clichê. Quando não é isso, gasta seu tempo em coisas vãs, compondo pagodes rimados com amor, dor e flor ou escrevendo em seu diário na rede. Passou a se levar a sério depois que o tal Pinta disse que ele era um compositor de futuro.



Inventado por: Henrique Neto às 18:49 | Link |



Ei, peraê que eu vou ali no em Congonhas e já volto.

Acho que eu vou ter uma ruma de novidade para contar.

Inventado por: Henrique Neto às 13:15 | Link |

20040427



E aí criançada, gostaram da fotinha aí do lado?



Inventado por: Henrique Neto às 23:46 | Link |

20040423






Inventado por: Henrique Neto às 13:32 | Link |





... tirando o óbvio, palavras.





Inventado por: Henrique Neto às 03:26 | Link |

20040422



Dudu não foi à festa


Guilherme Fiuza, em excelente coluna do site no mínimo, fala sobre a eterna confusão mental das autoridades e do grande circo montado para punir seja lá quem for quando o bicho tá pegando em relação as drogas.

De Dudu a Marcelo Anthony. Dos jovens da rave em Vargem Grande às bocas de fumo das favelas cariocas, o espetáculo recomeçou.

Inventado por: Henrique Neto às 17:34 | Link |

20040420



Vila, Cuenca, cerveja e wannabes


Fui ao lançamento do Corpo Presente na Mercearia São Pedro lá Vila Madalena. Foi bem bacana, o lugar tem estilo dos típicos botecos só que nas prateleiras livros em lugar das bebidas. Aliás os livros lá a venda são muito bem escolhidos. Catálogo interessante.

O boteco é frequentado pela fauna natural da Vila, jornalistas, escritores, editores, amarelos da Folha de São Paulo, descolados-que-usam-as-roupas-do-vovó e - claro - wannabes em geral. O sanduba é dos bons, a cerveja é geladinha e os preços não são caros.

Cheguei cedo, por volta das seis e meia, o Cuenca também não demorou a chegar e apesar da natural tensão de uma noite de autógrafos, foi bastante atencioso com todos, deu até para conversamos bastante. O papo rolou solto sobre literatura, Rio de Janeiro, São Paulo, teatro Oficina, mulheres paulistanas e outras amenidades. Saí de lá às duas e lá vai pedrada.

Gostei de conhecer o Cuenca pessoalmente, gente boa.

Apesar da chuva diluviana que caiu na cidade ontem à noite, uma galera foi até lá prestigiar.

Valeu a pena.

Inventado por: Henrique Neto às 16:23 | Link |





Inventado por: Henrique Neto às 09:42 | Link |

20040419



Canas Cuenca.

Vou ali tomar uns mé com o Cuenca e já volto.



Inventado por: Henrique Neto às 17:34 | Link |



Thiago operando da fimose, Jesus com crises de faniquito, Moskito de férias e Juliana no auge da fase piranha.

Essa panela, viu...



Inventado por: Henrique Neto às 12:42 | Link |



De Mala e Cuia
(Flávio Leandro e Enok Virgulino)

Na minha casa tá sobrando espaço
Guardei de mim um pedaço
Reservei só pra você
Na minha casa está sobrando rede
Sobra torno na parede
Amor pra da e vender
Na minha casa toda hora é hora
A gente ri a gente chora a gente se diverte
Nesse flerte você botando as unhas de fora
Nosso amor não demora logo acontece

Pode vir de mala e cuia amor
Que eu não vou tá nem aí pro povo
Nosso amor tá cobiçado
Mas não vai ser maltratado por ninguém de novo

* * *


Como dizia naquela gravação: bom demais, cheiro de menina ao vivo!



Inventado por: Henrique Neto às 11:11 | Link |

20040417



o palhaço do circo sem futuro


no batente da minha janela a taça de vinho forma espectros de lindas luzes refletidas do sol
brinco de projetar imagens na parede
logo hoje, dia em que chorei pela irmã que sofre angustiada
deus dos que sofrem, life is not fair
há muito peso para pouca alma
no mais são os mesmos dilemas do dia a dia recarregados

não, eu nunca compus música falando do mar de Ipanema
nem também sei dizer das águas de Amaralina
continuo sentado na sala de espera
e todas as revistas são velhas e excessivamente lidas
também não sei tocar violão para fazer uns versos bonitos falando de coisas amenas
minha vocação é para ver o lindo
chorar emocionado e não encontrar nem no mais fundo porão de minha alma razão para ser triste
choro de felicidade mesmo
de emoção
de saudades e na maior parte do tempo só para reafirmar minha humanidade

foi assim naquele dia em que recebi seu telegrama a cobrar
e nas letras negras você disse que me amava
não sabia que merecia tanto assim
mas gostei e faria o mesmo se não tivesse faltado dinheiro para postar resposta
daí esse poeminho carregado de cinzas em suas mais variadas tonalidades
mas no fundo alegre
como o palhaço do circo sem futuro -- roto e alegre

não leia em praça pública essas tortuosas linhas
são tão pessoais que acabariam em cpi ou nas terríveis mãos das comissões de ética e seu atávico azedume
não me deixe solto como brinco numa velha caixa de jóias
pode ser que eu me perda e você nunca mais me ache



Inventado por: Henrique Neto às 17:07 | Link |

20040416




masacabou.blogspot.com


Isso mesmo criançada, estamos de volta em casa.

Cantei esse forró bem bonitinho que aprendi lá em natal pro povo da globo.com:

Cansei de ser seu palhaço
De ver você sorrir de mim
Cansei de seu desprezo
Por favor saia daqui

Saí do blogger.br por uma razão muito simples: os caras estão prestando um serviço pior que no período de gratuidade e ainda por cima limitaram o espaço do blog para caraio (só posso usar 10mb.). Tô fora, voltei para minha antiga casa.

Atualize os seus favoritos com o novo endereço.

Ficou até mais fácil, né não?

Tem mas acabou o blog do Henrique masacabou.blogspot.com
www.tem.blogger.com.br agora é masacabou.blogspot.com
pranta o blog do Henrique agora é Tem, mas acabou... masacabou.blogspot.com
tem_mas_acabou.blogspot.com mudou para masacabou.blogspot.com



Inventado por: Henrique Neto às 11:18 | Link |

20040415



E vai rolar a festa!


Povo de Piratininga, chegou a nossa vez.

Antes de eu dar essa notícia, vá pegar lápis e papel para anotar que eu espero.

.

.

.

Pegou? Pois bem, tome nota aí:

Segunda-feira, 19/abr., finalmente vai rolar o lançamento do livro Corpo Presente do aqui tão citado João Paulo Cuenca, na Mercearia São Pedro às 19:30 h. ou sete e meia da noite se você preferir.

Como diria o próprio escritor, até que me provem o contrário, estarei lá.

Umbora!?

Mercearia São Pedro
Rua Rodésia, 34 - Vila Madalena, 05435 - São Paulo
Fone: 11 3815 7200
Segunda-feira, 19/04/2004, das 19:30 até o último amigo



Inventado por: Henrique Neto às 14:20 | Link |



o que sinto e calo


Saí pela rua de bicicleta ensaiando umas coisas bem bonitas para te dizer
quis compor um poema lindo como retalhos de cetim para declamar na hora do café
mas você fugiu de mim

não me culpe, pequena, pelas coisas que não sou nem nunca vou ser
sou assim mesmo, reconheço, seco por fora, econômico para dizer de amores
mas por dentro sou passional até a última célula
meu sangue é agitado como o mar em noite de tempestade
e essa agonia toda tem um nome que se escreve pequeno mas não ouso dizer

não tenha raiva de mim, tola
no fundo meu desejo é mais simples e tem muito a ver com esses carinhos que você faz

penso em frases que te agradariam ouvir
me imagino dizendo elas todas, teu sorriso de aprovação
mas na hora final penso que tudo isso soaria como um grande filme kitsch
e busco a originalidade na calma de um olhar compreensivo
sinceramente nem sei se você notou
mas foram todos para você

te faço gozar pois adoro ver você queimar em brasas
você fica melhor descabelada, uivando louca, sabia?
Deixe que da cozinha cuido eu, mulher minha só se cansa na hora certa
e pode me arranhar as costas que o álcool tudo resolve

só não reclame se um dia entre o computador e a pia
você me encontrar chorando
porque eu choro --sempre que tenho vontade-- e não tenho medo de dizer,
mas só a você que não lê essa carta porquê rasgou antes de abrir o envelope
e foi embora só porquê eu não disse tudo o que sinto e calo



Inventado por: Henrique Neto às 00:14 | Link |

20040414



Vejam só os maus tratos aos quais são submetidos as velhinhas nesse país.

O-que-porras-é-isso?

Olha só que presepada!

A neta da D. Arlinda é uma sem noção. Óculos HB na velhinha?












Inventado por: Henrique Neto às 22:42 | Link |



Comprimido
Paulinho da Viola

Deixou a marca dos dentes
Dela no braço
Pra depois mostrar pro delegado
Se acaso ela for se queixar
Da surra que levou
Por causa de um ciúme incontrolado

Ele andava tristonho
Guardando um segredo
Chegava e saía
Comer não comia
E só bebia
Cadê a paz
Tanto que deu pra pensar
Que poderia haver outro amor
Na vida do nego
Pra desassossego
E nada mais

Seu delegado ouviu e dispensou
Ninguém pode julgar coisas de amor
O povo ficou intrigado com o acontecido
Cada um dando a sua opinião
Ela acendeu muita vela
Pediu proteção
O tempo passou
E ninguém descobriu
Como foi que ele
Se transformou

Uma noite
Noite de samba
Noite comum de novela
Ele chegou
Pedindo um copo d'água
Pra tomar um comprimido
Depois cambaleando
Foi pro quarto
E se deitou
Era tarde demais
Quando ela percebeu
Que ele se envenenou

Seu delegado ouviu
E mandou anotar
Sabendo que há coisas
Que ele não pode julgar
Só ficou intrigado
Quando ela falou
Que ele tinha mania
De ouvir sem parar
Um samba do Chico
Falando das coisas do dia-a-dia

- - -


Ouvindo esse sambinha imagino toda a cena, o barraco onde vive o casal, o marido passional se roendo por dentro e sua nega desesperada com tão trágico fim. É tanto lirismo que até me faz lembrar as estórias do Nelson Rodrigues, outro gênio.

Como eu costume dizer, pense numa música bonita!



Inventado por: Henrique Neto às 19:01 | Link |

20040413



Cenas de um filme romântico-clichê


... quando eu ia dizer que achava ela tão sofisticada quanto um sanba do João Bosco, abriu a porta e foi embora sem bater.

***

- Siga àquele taxi! Disse a mocinha tremula ao condutor.

***

- Vou, só não me peça para amar outra mulher que não seja você...

***

- Ela e mais sentimental do que eu.



Inventado por: Henrique Neto às 20:18 | Link |




Elefante


Seria muito estreito de minha parte dizer que se trata de um filme sobre os dois jovens que abriram fogo contra seus colegas na escola secundária de Columbine. Definitivamente não se trata desse tema, ele apenas é pano de fundo de um filme belíssimo. Sobre o quê? Há necessidade mesmo de se saber sobre o quê o filme trata?

Assista porque raramente uma história tão conhecida é bem contada assim. Imagine um filme sobre a guerra do Vietnã, mas em vez de cenas sobre as batalhas ou soldados no front, longos e belos planos sequênciais. Foi isso o que fez o diretor.

Elefante mostra um dia normal numa escola secundária em um subúrbio normal nos EUA. Somos levados para dentro dessa escola e damos tantas voltas em seus corredores, que passamos a nos localizar tão bem no prédio quanto os alunos que nele estudam. Van Sant nos leva a um passeio com os seus personagens mostrando a mesma cena de diversos ângulos e sem pressa, visto que todos já sabem como a história acaba. Esse ritmo desacelerado cria na gente a mesma angústia sentida por quem estava lá no meio do fogo cruzado.

Diferente de Tiros em Columbine, aliás um excelente documentário, Elefante não tenta explicar a origem da violência ou o que motivou aqueles jovens a cometerem tal barbárie, conta apenas. Mostra como os dois rapazes arquitetaram seu plano com esmero e esperaram pacientes pelo "grande dia" enquanto recebiam pelo carreio as armas compradas.

As imagens em Elefante são muito bem cuidadas. O filme tem o timing certo e cresce sem se atropelar num roteiro cheio de nós meticulosamente plantados. Sabe aquela coisa de vermos uma chave sobre a mesa e mais adiante essa mesma chave ser de importância definitiva para a trama? Elefante nos poupa desse super clichê.

Olhe eu podia escrever mais uns quinhentos e trinta e quatro parágrafos sobre o filme, mas no caso de Elefante só assistindo para entender o que falo.

Assista e aproveite a sensação de poder ver um filme sem se preocupar com os fatos, porque nesse o fim é tão conhecido que a parte relevante, literalmente, é o meio.



Leia mais aqui.



Inventado por: Henrique Neto às 19:22 | Link |

20040412



Crianças paulistanas


Crianças paulistanas brincam no concreto do parque do ibirapuera
crianças educadas, ensinadas a pedir por favor, com licença e dizer obrigado
crianças andam felizes nas bicicletas de aluguel pela marquise do parque
--aqui a felicidade também pode ser alugada--
disputam para chegar primeiro, serem vencedoras, não há tempo a perder
tem de produzir!

Crianças paulistanas fazem fila na oca para ver a exposição do pintor cubista
crianças de cinco anos ouvem desatentas as explicações sobre
pré-cubismo, cubismo linear, neocubismo, negação de formas
e outras informações super interessantes para uma criança de cinco anos

Crianças paulistanas não podem relaxar nem em dia de excursão
obedecem aos gritos histéricos dos monitores por medo de virar minhoca
fazem fila indiana para entrar no ônibus, para lanchar, para marchar, subir escada
precisam obedecer, não podem reclamar
estudam em escolas caríssimas pagas graças ao emprego de seus pais que também estudaram em escolas caríssimas

Crianças paulistanas estudam inglês, espanhol, francês, alemão,
judô, natação, capoeira, ganham brinquedos e viagens caras dos seus pais
que trabalham, trabalham, trabalham
e não têm tempo a perder com os filhos
é preciso produzir!

Crianças paulistanas crescem capacitadas, formadas, viajadas
e emocionalmente desestruturadas.
São autônomas, criadas para serem financeiramente bem sucedidas
e matarem seus pais a tiro quando julgarem necessário.



Inventado por: Henrique Neto às 19:40 | Link |



Cambada, veja só esse vídeo que acabei de surrupiar lá do Nao vá se perder por aí.

Enquanto Bush faz um empolgante discurso, um gordinho ao fundo faz macaquices inomináveis. Tinha visto no programa do Marcelo Tas na Cultura e o Thiago fez o favor de achar para mim.



Ah, ia esqucendo, o vídeo é esse aqui ó



Inventado por: Henrique Neto às 19:32 | Link |

20040407



Moda Macabra


Por quê eu ainda não escrevi nada sobre o assassinato do casal das Perdizes? Ora, porquê eu simplesmente não sei nem o que pensar sobre essa moda paulistana dos filhos matarem seus pais.



Inventado por: Henrique Neto às 19:46 | Link |



Uma tarde como todas as outras


A louça escorre preguiçosamente sobre a mesa, lá fora um sol castiga os que passam apressados pela rua sem árvores nem pássaros nem beleza alguma. É abril, tempo onde normalmente faz frio, mas nada de normal tem acontecido por esses dias. No canto da sala o gato olha com tédio pela janela fechada.

Ela acabou de ir embora. Acordou às duas, levou café na cama para a amiga, tomou banho de porta aberta e saiu sem forrar a cama, ela nunca forra. Levou meu último cigarro e me deu um beijo com gosto de listerini. Dessa vez acertou em cheio na escolha da amiga, uma loira de vinte e poucos com voz rouca. As outras, apesar de mais experientes, deixavam a desejar na beleza, essa não, além de linda ainda sugeriu novas modalidades à putaria.

Preciso comprar ração e levar a bicicleta para arrumar, mas não hoje, nada para hoje além da preguiça que se adonou dessa casa. Já lavei a louça, agora o que eu quero é dormir um pouco, tô acordado desde às sete da manhã de ontem. Tenho que comprar também aquele troço que nunca lembro o nome e serve para impedir as baratas de entrarem pela fresta da porta. Os vizinhos já perderam as esperanças de me reclamar da altura do som.

Mas não hoje. Hoje quero mais é descansar e tentar esquecer dos caôs que ela me falou. Ela sempre tenta me aplicar caôs. Jura que me ama e que com as outras é só sexo. Pede pr'eu acreditar e nem me esforço. Jura que vai largar esse vício de sair com meninas. Que chato! Eu adoro as festinhas que fazemos aqui em casa, para quê acabar com uma brincadeira tão sadia dessas?

Hoje, contudo, parece que tenho cento e quatorze anos, o tempo passou depressa demais, menos para o gato. Tudo tem um musgo secular impregnado. O sono pesa nos meus olhos. As contas pagas empoeiram sobre a mesa. A louça seca em conta-gotas. A vizinha ao lado me conta de seu dia enquanto esperamos o elevador, finjo extraordinário interesse. Chego na rua e não tem do cigarro que gosto. Saio de boteco em boteco a procura. Lembro da festinha da noite passada e compro mais camisinhas.

Em casa, tudo segue sua normalidade, o gato me expia com desinteresse, a louça seca aos pingos, tropeço no tênis largado pelo caminho e de minha janela balança a bandeira mais linda do mundo nessa tarde igual a todas as outras.



Inventado por: Henrique Neto às 19:42 | Link |

20040405







-




Inventado por: Henrique Neto às 19:47 | Link |

20040404



Hei félas,


Estou em São Vicente na casa da irmã. Vou visitar minha prima gostosona que chegou da Alemanha.

Claro que vai rolar uma seção de sexo selvagem envolvendo animais, luva de lavar louças e um torniquete.

Me aguardem.



Inventado por: Henrique Neto às 19:48 | Link |

20040402





Dançar com você e depois morrer de traição


Ainda rindo, se segurou para não cair. Virou para ver quem era mas não conseguiu. Tomou um abraço rápido e forte que prendeu seu braço direito em gancho. Aquele desconhecido rapaz arfante agora respirava colado ao seu rosto. Tentou se soltar mas não teve forças. A vista desfocada, e os gritos, e o escuro, e de repente o silêncio. Frio.

A última imagem que viu foi de uma peixeira vindo em direção a sua barriga num movimento em arco. Preciso. Tumulto à sua volta. Gritos de clamor. Todos lhe olhando apavorados. Frio. Silêncio. A vista turvando. Frio. Solidão. O teto branco da ambulância. Frio. O sorriso nos seus lábios. Frio. Silêncio.

Seus irmãos gritavam. Ele não ouvia mais nada, ria apenas. Frio.


Dezesseis anos antes

Cristiano era o filho do meio. Nasceu num sítio em Lagoa do Poço. Adorava andar em cavalo brabo e sem cela, brincar no terreiro com seus irmãos, tirar leite das vacas com o pai, e de todas essas coisas normais que gente normal gosta e que ficam absurdamente sem graça quando contadas.

Usava cabelo grande, uma promessa que sua mãe fez a Nossa Senhora da Piedade na hora do parto para que os dois não morressem, ia cortar só quando fizesse dezoito.

Era o mais comportado dos três irmãos, tirava as melhores notas na escola e nunca deu desgosto em casa. Suas professoras se derretiam em elogios para os seus pais. As meninas chamavam ele de anjo e as mais empolgadas promoviam calorosas discussões sobre a cor dos seus olhos, que até mesmo a mãe vacilava em dizer se eram verdes ou azuis.

Nessa mesma época seu pai lhe deu um cavalo branco. Recebia mesada de cinquenta reais e esse dinheiro rendia, para alegria dos irmãos. Aos dezesseis, homem feito, o pai incentivava para que saísse com os irmãos. Emprestava a chave da caminhonete para o mais velho e pedia que chamasse Cristiano para as festas. Levou um tempo até que aceitasse um desses convites.


O dia da festa

Era três de abril, uma semana antes de seu aniversário, Cristiano decidiu acompanhar os irmãos na festa da padroeira em Goianinha. Fazia muito calor naquela sexta-feira.

A mãe, sentada num canto da sala tecendo bordado, acompanhava a agitação dos meninos enquanto se arrumavam. Vieram todos beijá-la na testa antes de sair como faziam desde pequenos. Ela arrumou a barra da calça de Cristiano e pediu pro mais velho não correr --a estrada vivia cheia de buracos.

O pai deu dinheiro aos três e lembrou a eles que voltassem logo, iam à feira de Santo Antônio de manhãzinha.


À noite, na festa

Uma bela moça, já quase entediada, disse não para um rapaz mal encarado que veio tirar ela para dançar.

Quinze minutos depois, observando bela moça de longe, Cristiano se encheu de coragem e foi até lá chamar ela para dançar.


Felicidade

Bela moça aceitou na hora. Perguntava de onde ele era, nunca tinha visto tal rapaz. Ele ria e contava que era dali de perto mesmo, foi quando sentiu alguém lhe puxar pelo ombro.


Traição

Ainda rindo, se segurou para não cair. Virou para ver quem era mas não conseguiu. Tomou um abraço rápido e forte que prendeu seu braço direito em gancho. Aquele desconhecido rapaz arfante agora respirava colado ao seu rosto. Tentou se soltar mas não teve forças. A vista desfocada, e os gritos, e o escuro, e de repente o silêncio. Frio.



Inventado por: Henrique Neto às 19:53 | Link |

20040401



Una pregunta: porquê o Chico Anísio está fora da tv?



Inventado por: Henrique Neto às 19:50 | Link |





































blogchalk: Henrique /Male/26-30. Lives in Brazil/Sao Paulo and speaks Portuguese. Spends 70% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection.


































































Tá procurando o quê aqui embaixo???
Rá lá pra cima