Olhos Grandes

Olhos Grandes cor de mel, escondem-se atrás de cílios igualmente grandes. Não há inteleligentsia nem sua pretensão, apenas o entendimento do mundo e seus esquemas através do carinho e do toque. É, de direito, uma pessoa e além disso sabe dar carinho, apesar das poucas palavras.

À namorada, ao irmão, ao pai, à mãe, aos amigos e até à cunhada. Sabe e afaga a todos. E quem hoje em dia (nesses tempos de conexões via banda-larga) se lembra de fazer um carinho? Não há tempo a se perder com amenidades. Há de se otimizar as tarefas, a conta, o forno microondas, e talvez aos sábados, comprar flores na feira.

Ligou para saber, perguntou se estava tudo bem, tentou entender a situação, contemporizar as novidades tantas mas, sabe que no fim de tudo sentirá muita falta. Deus, como gostava! Sempre gostou, notou que ali se encontrava um ser especial. Como essas pessoas vêm parar em nossas vidas?

Pensa em ligar todos os dias para matar a saudade, saber se está bem, se comeu alguma coisa antes de sair para trabalhar, se tem ido à escola e essas besteiras que a gente pensa sobre o outro quando gosta. Fica preocupado, quer fazer uma surpresa tola, dessas em que se aparece sem avisar. Fará.

Olhos Grandes, não se apresse não, tudo há de mudar. As pessoas comprarão menos celulares e darão mais abraços. Deixarão de lado seus carros e condomínios de grades altas, para se beijarem mais. Desse dia em diante, quem sabe, haverá mais compreensão, que é por fim, o que todo mundo busca e quer.

Inspirado em 'Princesa', música de Amado Batista.

"Eu fui usado como arma de vingança
Bm
Para fazer o mal ao seu namorado
F#7
E agora ele volta pra você
Bm Em F#7
Você me deixa de lado".

Emagreça sem stress!


Não gente. Isso não é nehum comercial de mais "um revolucinário produto para emagrecimento imediato". Estou só fazendo um jabazinho para o site da minha amiga, Adriana - Be Happy.

No site ela conta como perdeu dez quilos sem drásticas mudanças.

Visite e se por acaso encontrar com ela por lá, diga para ela ligar pros amigos não famosos.

Atole o mouse aqui, ó: www.adrihappy.blogger.com.br

Festinha


Ela veio aqui em casa e queria a todo custo, realizar uma fantasia antiga.

– Beto, corre para cá que tem festinha garantida.

Garotas recatadas são as melhores na hora "h". Fazem de tudo um pouco. Barba, cabelo, bigode e até o cavanhaque. Sim, caro bloguespectador, ela liberou.

Megalomaníaca, pediu para eu abrir a janela para poder ser vista pelos vizinhos do prédio da frente. Exibiu-se, rastejou, lambeu nossos pés e nos chupou até sentir caimbra. Gritou madrugada a dentro e pedia para a gente não parar. A trilha sonora era o pancadão do funk.

Eu sou neguinho?

Gemeu, grunhiu, apanhou e se deu por satisfeita, somente depois de levar na cara. Beto e eu, os machos obedientes do pedaço. Meninas, acreditem, têm a cabeça infinitamente mais suja que a de nós, incipientes garotos. Sugerem coisas que só imaginamos ver da boca dessas atrizes de foto-novela pornô. Aliás todas ótimas, pois são de tanto mau gosto, que se tornam boas.

Jurou que aquela era sua primeira vez. Quis brincar de faça-tudo-que-a-mestra-mandar. Pediu para sermos mais sujos. Beto pensou em desistir. Eu queria envolver uns acessórios menos ortodoxos à brincadeira, mas ela achou que um alicate já era demais.

Terminamos a noite rindo muito, comendo pizza cheia de formigas e uma coca-cola choca que achei na geladeira.

Pois é meu caro, o que salva a homem moderno são as lavanderias.


Correção:

A parte da pizza e a coisa da janela não são verídicas.

E como já dizia o grande Nelson Rodrigues:


– Todo canalha é magro.

Ah, os amigos para nos lembrar do essencial.

Das pequenas felicidades e suas variações


Ele chegou cansado em casa. Pastinha em punho, nó da gravata frouxo, ar de fim dos tempos. Era funcionário. Tinha um empreguinho de merda, numa empresa de merda, com chefe e funções idem. Que vida, minha flor. Que vida!

O que salvava era àquela mulher em sua vida. Carinhosa, lhe dava banhos reanimadores. Um homem precisa, sem exceções, do doce banho dado com todas as manhas que só tem a mulher.

Seu mundo agora, era pintado de cinzas e suas variações. Não tinha nada, exceto seu amor, que lhe dava ganas. O tempo era o hoje, o sonho de consumo pé no chão. Nem todo dia é fácil ser. Existir, ter de, não é todo dia... Há de haver um rodízio para o estado do existir. Há de se economizar a humanidade de cada um.

Apesar de tantos contra-tempos e achaques cotidianos, sabia que tinha seu tesouro ali consigo. Poderia rumar e errar pela vida inteira. Tinha tempo e energia a serem gastos. Seu diferencial.

Pensou em desistir diversas vezes. Tentou relaxar. Lembrou da nega, dos filhos por vir, das tentativas boas e quem sabe até, para o ano que entra, comprará um carro. E porquê não?

São histórias cotidianas como a sua, que fazem das cidades um viveiro de ecletismos muitos. Pragmáticos pensarão ser bobagem, mas ninguém dirá que não houve ânimo. Ele e sua nega eram.

Assuntos de necessidades práticas? Para depois da sesta. Queria mesmo era se mandar da cidade, deixar para trás o mar de Copacabana, a Vieira Souto e vender coco. Feliz como só são os que andam descalços.

Língua

Orkut em português? Gostei.

Ela


Ela veio assim com jeito de quem não quer nada. Não queria de fato, mas o jeito denotava outra coisa. Sempre elegante, sempre bonita, arrancando elogios dos desavisados. Aviso. A moça é casada, mãe de filhos e para piorar, é dessas que tem o hábito de ser bem casada. Não há chances, apesar do amor soberbo.

Pense numa mulher que ama, e sabe verter em palavras e pseudo-intenções esse amor. Pode sim, sem depreciações, ser chamada de 'popular chique', pois atende aos dois requisitos (desconfio até que, do segundo em maior proporção). Já causou frisson em outros tempos, mas essa parte a gente pula para evitar sofrimentos desnecessários.

Me visitou esses dias, rápida e discreta, como só ela sabe ser. Apesar da brevidade, não há o que pague sua presença. Eu, deslumbrado feito ex pobre, só me dei conta quando tudo acabou. Aquele ambiente neutro e horrível que só os aeroportos têm, uma pequena fila de embarque e optei por dar meia-volta a vê-la partir. Ossos de se viver num país continental e sem a menor infra-estrutura. Trem-bala para distâncias e saudades grandes, a necessidade urge!

Torço. O tempo há de passar rápido, passagens aéreas hão de baixar rápido ou a riqueza há de me acometer, mas rápido. Não se brinca com a saudade alheia assim. Faltou, claro, dois importantes detalhes, mas uma coisa de cada vez, não é? Da próxima traremos todos em lote, como quem fecha um plano familiar.

Aviso. Tente entender que nem sempre você conseguirá compreender tudo tão claramente. Relaxe quanto a isso, Tezeu.