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São Paulo - Brasil
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20031031
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os Hermanos saem consagrados do Lab
"(...) Com música gravada por Jim Capaldi (e guitarra de George Harrison), prestígio nas capas dos cadernos culturais e elogios de colegas do meio artístico, a banda Los Hermanos pode pôr mais uma consagração no currículo. Com o auxílio de um naipe de metais incendiário, Marcelo Camelo (guitarra), Rodrigo Amarante (guitarra), Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclado) fecharam a primeira noite no palco Lab do TIM Festival com a platéia, que incluía a cantora Marisa Monte, na mão. Mostraram que representam sua geração como ninguém e que, também por isso, são capazes de fechar qualquer noite de qualquer festival de pop-rock no Brasil.
Como tem acontecido nas últimas apresentações, o megahit "Anna Julia" não entrou no roteiro. Ninguém sentiu falta. Num show de 1h15m, com bis de duas músicas, eles passaram por seus três CDs, a todo tempo acompanhados pelo coro do público. Abriram com "O vencedor", uma espécie de carta de intenções com o verso "levo a vida devagar pra não faltar amor". E amor não faltou. O romantismo vinha acompanhado de peso, melancolia e euforia em canções como "Adeus você" e "Sentimental". Afinação perfeita com o público, maturidade musical e popularidade incontestável. Em outras (mesmas) palavras, uma consagração."
Fonte: O Globo.
Mais matérias aqui e aqui.
Inventado por: Henrique Neto às 18:54 | Link |
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20031029
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. Gorçoniere
Eu disse para você deixar de lado essa coisa de amor eterno e todos estes sentimentos que agitam a alma, mas você, metódica, me perguntou o que fazer dos seus hormônios. Eu sinceramente não sei te dizer. Talvez tentasse escapar dando conselhos genéricos para você ter mais cuidado com o coração.
Você me contou que tem trabalhado demais e isso te angustia. Que quase não tem tempo para ficar em casa com as crianças e isso de certa forma te faz sentir culpada. Eu te ouvi atento, pensei em todo esse tempo perdido e não achei nada de útil para dizer.
Tenho estado assim por esses dias. Cheio de silêncios expressivos, pausas ensaiadas e meias intenções abandonadas. Sou um conceito complexo e inexplicável e imagino que os outros também o sejam. Ajo em síncopes, me farto de boas intenções nulas e resignações comiseradas.
Já naquela tarde em sua casa, pude ver que - ao seu modo - a felicidade lhe encontrou, mesmo quando você insiste em espantá-la. Mesmo quando você se esconde fingindo ser má e cruel, com medo de mostrar esse coração infinitamente grande de tão generoso.
Eu é quem sigo nesse caminho errante e tortuoso cheio de atalhos precipitados, vielas transversais e poucas estradas. Mas me mantenho firme por ser consciente e questionando sempre, pois não dá para confiar em nenhum sujeito com mais de vinte e seis.
Gosto, contudo, do seu jeito econômico de não emitir opiniões quando não se pede, não dar conselhos mesmo quando necessário e fazer vistas grossas para os meus mini-pedidos de ajuda. Isso te deixa mais sofisticada e chique. Se bem que não há graus de quão chique alguém possa ser, mas no seu caso, entendo que se trata de uma esfera muito elevada de finesse.
Eu não tinha reparado como você fica bem nesse vestido.
Sexta à noite eu tô de volta.
Vou deixar o dinheiro do seu cabeleireiro em cima da tv.
Inventado por: Henrique Neto às 18:46 | Link |
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20031027
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Segunda
O dia amanheceu cinza chumbo carregado da gravidade típica dessa cidade. As segundas são dias naturalmente graves. Mesmo quando o sol se esforça em torná-la mais leve e amena, ainda assim ela é grave, pois não há leveza num recomeço. A segunda é sempre um recomeço. Dia de sentimento de revolta, falha, ou impotência acometendo. Todas as vezes assim porquê hoje é segunda-feira, o dia amanheceu cinza, o sol não apareceu e lá fora cai uma leve neblina.
Arrasto meu corpo até o chuveiro, tomo o primeiro jato de água gelada e o choque térmico faz tudo parecer um pesadelo. O pesadelo matutino semanal das segundas. Tento achar uma brecha por onde as coisas pareçam mais claras e naturais, mas minha inconsciente aptidão para complicar me impede de todo.
Começo a pensar em quanto eu tenho melhorado nessa coisa de terceirizar minhas culpas, minhas expectativas e outros sentimentos mais que me estorvam a paz. Percebo que o processo tem crescido rapidamente e o resultado em geral me agrada. Penso na menina bonita que conheci ontem à noite, na conta de luz que vai vencer e na roupa suja para eu levar à lavanderia. Penso nisso tudo de uma só vez, em síncopes, sem prioridades ou ordem sensata.
Na bagunça do apartamento não acho meu cinto, não sei do meu celular e as frutas apodreceram na fruteira a minha espera. Tomo um copo de leite gelado e sem açúcar. Me corto fazendo a barba, penso com raiva em como é incômodo ter de fazê-la todos os dias e tento lembrar que fato na história da humanidade associou o ato de raspar a cara com uma navalha como sendo uma prova de civilidade.
No prédio da frente uma velha me espia pela janela enquanto me troco. Fico imaginando o cuidado que ela tem para não perder esse momento. Penso em quão reprimida ela deve ser e continuo a me trocar vagarosamente fingindo ignora-la.
Desço o elevador com minha visinha louca que deixa bilhetes na porta. Imagino que ela pode ter um surto e me atacar, mas ela parece muito mais assustada com minha presença, ou com qualquer outra que não seja a dela própria. Percebo como ela é estranha, sigo rua acima ignorando outdoors e todas essas coisas em que só faço hoje, nessa segunda-feira em que o dia amanheceu cinza, o sol não apareceu e lá fora cai uma leve neblina.
Inventado por: Henrique Neto às 18:43 | Link |
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20031026
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Quem é Carmen?
Apenas um personagem, tal como Alberto? Ou seria Carmen todas as mulheres de J. P. Cuenca?
Pouco importa. Não faz sentido querer saber respostas para perguntas menores depois de se ter lido Corpo Presente e ter visto pela ótica muitas vezes canhestra do autor, histórias saborosas de muitas Carmens que vivem em Copacabana, ou em qualquer outra parte onde haja alguém muito atento para radiografa-las.
Muitos olharão com desdém para ele, outros com entusiasmo espetaculoso, mas ninguém poderá fingir que aos vinte e cinco anos, nascido no conforto da classe média carioca, há um escritor maduro e de estilo. João Paulo Cuenca senhores, fazendo par com outros tantos jovens escritores, já tem seu lugar reservado nas empoeiradas prateleiras da literatura. E ninguém dirá que literatura só pode ser feita em livros, pois esse moço já a fazia desde seu aclamado blog, o Folhetim Bizarro.
Corpo Presente é livro para se ler de uma única vez. Nele, se desnuda um jovem escritor sem preconceitos, que revela suas entranhas, ainda que inventadas.
Senhoras e senhores o escritor está nu. Naturalmente nu, como só é bela a nudez. Da primeira a última página, é possível seguir o caminho de sulcos abertos na pele em desenhos disformes, feitos por ele mesmo, o amante de Carmen.
John, eu vou reavaliar o que te disse há dias em uma de nossas muitas conversas. Minha geração não é tão estéril quanto eu imaginava e há algo de novo sim, sob a chuva das repetições requentadas.
Serviço:
Corpo Presente - João Paulo Cuenca. Editora Planeta, 2003.
Inventado por: Henrique Neto às 18:41 | Link |
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20031024
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Menina de saia rodada
Na noite de São Paulo uma casa de forró, na selva de concreto e fumaça meninas dançando durinho na batida do zabumba. No meio do salão voltinhas, coreografias e frouxidão numa dança feita para dois, no mano a mano. A cerveja que não satisfaz, o nordestino assustado no meio do salão e logo adiante uma japonesa dança. Tem japonesa no forró, menina de coxas torneadas e olho puxado, tem lourinha, moreninha, branquinha, meninas de toda cor. Meninas de saia nesses dias de hoje.
A preta que não descola olho, a preta que não disfarça mais e sanfoneiro segura o fole! Menino não deixa o triângulo desandar, cuidado com o pé da moça de nuca cheirosa, cuidado com a branquinha que estuda psicologia, cuidado que ela é filha de hippie e levanta a saia quando dança. E balança e balança que lá no norte não balança assim, rapaz de pescoço quebrado, preocupado com a marca do passo. Esse povo não relaxa nem para dançar e cadê a preta que estava aqui. O que fazem tantas japonesas nesse lugar e àquela moreninha de olho verde, e àquela outra de cabelo curly, e a outra de pele de jambo, me apaixono a cada minuto, isso aqui tá mais para festa a fantasia.
Àquele tiozinho de chapéu é de lá. Àquela repórter magrela finge prestar atenção, a espanhola levou as sobrinhas para dançar e ela roda e roda e roda no meio da pista. Um passo atrás da faixa amarela rapaz, aqui quem não dança fica pelas beiradas. Outro gole da cerveja vagabunda e tiro outra menina para dançar e depois beijinhos, e depois: - de onde você é? Eu amo sua terra. Lá é muito lindo! O que você faz aqui? Daria para gravar uma fita pois é sempre o mesmo papo, sempre os mesmos sorrisos, o mesmo padrão e logo uns beijos. E aperta daqui, acouxa lá, menina, e essa sua mão de seda? E faz calor aqui dentro, ela começa a sentir também. Menina que sabe o que quer e passa e come com os olhos, menina decidida, aposto que vem para cima na hora do vamos ver.
Outra cerveja e a lembrança depois do gole, como é ruim esse troço, como é gostosa àquela japonesa, e a poeira não sobe porque o chão é de cimento, e vem o forró do jeito que deve ser, como aprendi, tento esboçar uns passos mais a cerveja vagabunda fez efeito antes, e fico quieto observando as meninas e suas saias rodadas. As meninas e suas calças cavadas sugerindo pensamentos impublicáveis, as meninas e seu cheiro gostoso no cabelo, as meninas e: cuidado que eu também sei pisar na fulô!
O relógio não tocou e acordei no pinote. O sol já estava alto e os assuntos cotidianos urgiam. Tomo um banho mal tomado, faço a barba mal feita, visto a primeira roupa que vejo e enquanto estou no elevador, sinto vontade de largar tudo e ir à praia.
Inventado por: Henrique Neto às 18:34 | Link |
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20031022
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Cheguei do céu em minha casa por essa noite. Cheguei e pus meus ossos para secar em uma cerca estendidos de par em par. Cheguei lá do alto meu bem, como quem cai em grandes campos gramados de norte a sul, como quem todos os dias morre para nascer no dia seguinte. Para quem se banha em cachoeiras geladas, cheias de peixes e flores entrelaçados lascivamente, com intenção de dolo e denúncia expontânea. Consumido pelo fogo e a febre dos que amam e voam e amam e riem e amam e choram e amam e caem e amam e sofrem e amam e olvidam e tanta vida, tanta vida.
Chego de céu para sonhar, para me deitar em nossa cama querida, para que me abras em chama a ferida e te cure, te complete, te enfie com afinco todo meu amor febril. Chego e retiro das veias todo o que nela houver, além do que se vê, além do que se quer fazer. Chego, e acendo a fogueira da casa, a fogueira da praia, a fogueira da mata, a fogueira do seu leito, a fogueira que mergulho pensando em ti. Pensando em como eu posso pensar em ti, e logo eu que só penso em quem lembro já existir, ou quem não abandono nem troco. O humano, o alguém.
Alguém, sempre eles, sempre esses tantos, tantos iguais, tantos parecidos, tantos tão tolos, tão vãs. Esses necessários quase sempre, esses que fazem a gente chorar até em inauguração de supermercados, final de novela, propaganda de cartão de crédito, festa de escola e outros tantos momentos impróprios. Esses, exatamente esses.
Volto para o céu azul de tuas paisagens, fazendas, vaquinha no pasto, estrada mal desenhada, casa caída, cata-piolho. Cadê você que nem sei. Cadê você? Você veio aqui e aquela estória do açúcar, da carteira perdida, do bar da esquina, do de todas as tristes esquinas sem bares, as de muros cegos, janelas esquecidas, final de festa de prima, tia de peito suado te dando apertos, bolo com fanta, coca sem gelo, coca e primo folgado, completamente sem noção.
Vou sim, mas não te deixo, virei lá de longe para ter a ti. Criança explicada que fala engraçado. Criança dormindo de olhos abertos, crianças no escuro da noite acordadas, crianças sem irmãos para poder brigar. Irmãos que não brigam. Brigas que não rimam, como esse poema, pretenso poema, pequeno sem rumo, poema vadio. Poema vazio, vazio piadas. Piadas de chefe, segunda-feira, chefe, terça-feira, chefe, quarta-chefe feira? Fuga talvez, vulgar, fugaz, lânguido, altivo, etéreo, eternamente.
Será que vai entender?
Será que vai reparar?
Que aproveite, de verdade.
Inventado por: Henrique Neto às 18:29 | Link |
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Manga tirada do pé e o futuro
Não sei se acontece com você assim também, mas sempre que ouço falar de modernidade, futuro e outros quetais, a coisa se perde em elucubrações vagas e muitas vezes caricatas sobre esse tal futuro modernoso. Explico-me: há quinzes anos celular era uma realidade muito distante, apesar de eu já ter ouvido falar dele e do que era capaz, ainda assim ele era só uma idéia etérea. O mesmo aconteceu com o DVD e etc. Só depois de me tornar um usuário (entendeu?) é que me dei conta do que de fato essas coisas significavam.
Sou usuário da Internet desde a época em que ela era movida a vapor. Em 1998 - ano da bolha do e-qualquer coisa.com - todos diziam bravatas sobre a vida on line, do quanto se ganharia de dinheiro com a rede, que as empresas pontocom valeriam mais que as empresas de tijolo e blá, blá, blá. Hoje, passada a poeira da empolgação, o que vemos é a consolidação de um meio que até pode ser rentável, mas não necessariamente o é (vide as milhares de empresas que apareceram do nada e assim também sumiram) e as empresas nascidas na era da Internet tiveram de se ajustar a uma realidade diferente do mundo corporativo "tradicional" para também serem lucrativas.
Aqui no Dia% Brasil, concluímos hoje o projeto de um leilão eletrônico realizado na web. Só que até chegarmos diante de uma tela de computador e visualizar o gráfico com os lances dados pelos fornecedores, foram consumidos três meses entre desenvolver, implementar o projeto, negociar as regras com os fornecedores e treiná-los para o e-leilão propriamente dito.
O e-leilão durou pouco mais de uma hora, mas devo admitir que esses foram meus sessenta minutos de maior aflição desde que eu entrei aqui na companhia. Sim, aflição. Apesar de a coisa ter sido conduzida com ética profissional, usarmos critérios claros para escolha dos fornecedores e ter muito bem definidas as regras da negociação muito antes dela acontecer, sempre há uma pontinha de sentimento em nós que torce por um candidato em especial. Deve ser o mesmo sentimento que acomete juiz de futebol apitando jogo de seu time preferido.
Mesmo conhecendo todos os mecanismos do sistema, da tecnologia utilizada, a segurança oferecida e tudo mais, ainda assim causou-me uma certa estranheza um leilão onde: os compradores eram na verdade vendedores, o mediador não usava martelo nem estava na mesma sala dos concorrentes e o estímulo para eles darem lances melhores não vinham do concorrente ao lado (eles não se conheciam), mas de ligações telefônicas que fazíamos.
É, o mundo está mesmo diferente desde quando eu comia manga tirada do pé...
Inventado por: Henrique Neto às 18:26 | Link |
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20031020
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. teu
Uma folha em branco à minha frente, o cursor que pisca nervoso, vontade de ir para cama dormir - ou ler um livro, talvez - mas o vício me mantêm aqui como um réu confesso a espera da sua vez de falar. Eu sou um réu a espera da minha vez.
Estive pensando sobre tantas coisas, mas a indolência me fez largar tudo em que às vezes penso. Nada mais confortante que a assunção dos nossos próprios pecados. É gostoso dizer - e saber - que a busca da perfeição é uma chatice inalcançável e distante, portanto indigna de nossos ânimos.
O Tom tocando sem parar, o frio dessa noite de segunda e o prazer de uma taça de vinho tinto gelado. Eu falei para a morena ficar, mas ela se foi apressada, deixando para trás seu bonito anel de pedrinhas. Elas são assim mesmo, vão e vêm exatamente quando a gente menos quer.
Fecho a fresta da janela que traz o ar gelado do mundo lá fora. Fecho a janela mas só por essa noite, porque amanhã quero ver o sol, quero me queimar. Mas por você, minha ave noturna, deixo o nosso quarto escuro e quente só para te deixar dormindo até mais tarde. Guardarei o sol para quando o sol você quiser. E você há de querer. Te guardarei de tudo morena, porquê o mundo lá fora corre veloz.
Comecei esse textinho sem saber o quê dele fazer, mas aí você me veio e o tomou de assalto só para ti. Toma, amor, ele é todo seu, assim como tudo o que há em mim.
Inventado por: Henrique Neto às 18:22 | Link |
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20031019
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ora porquê eu bebo?
Você me diz para eu beber menos, me cuidar mais e ir dormir mais cedo que isso vai me fazer bem. Sinceramente eu não sei se é isso que quero, não sei. Também não sei dizer se gosto do ato de beber em si, ou do efeito que ele traz. O efeito talvez seja a parte boa da brincadeira. Fuga, claramente fuga. Sei que um dia eu vou me cansar disso tudo, mais por enquanto eu tomo porres. Sou forte e meu fígado também sabe disso.
É difícil ser a gente mesmo em tempo integral, sabia? Não é à toa que os outros são sempre mais interessantes. Não é por acaso que você queima dinheiro em revistas de fofocas para saber quem está trepando com quem, ou quem se separou ou está queimando o dinheiro que não tem em viagens que você também adoraria fazer, mas não faz, nem trai e nem larga por se achar pequeno demais, bundinha demais, extremamente preocupado com "o quê os outros irão pensar". Daí essa dependência a cartarse, a sublimação e a angústia que não é vencida por nenhum shopping center.
Então troquei todo esse mundinho enfadonho de expectativas vãs pela bebida. Vou fundo com ela, chego tão baixo quanto desejo, só não rolo na sarjeta porquê tenho categoria (sigh!) e só chegando lá embaixo descubro que a final, é tudo a mesma merda, mas pelo menos com mais cores e texturas. Não senhoras e senhores, aqui a culpa não é de ninguém nem de algum fato alheio, é totalmente minha mesmo. Eu quem não presto. E se bebo, o faço porquê me apetece. Sei do meu espaço e não incomodo a audiência com pedidos pífios de socorro. Bebo e gosto de faze-lo sim!
Puxa vida, mas está virando um "drogadito" o moço! E eu te direi do alto dos meus um metro e setenta e seis: e daí!? Você fatalmente se entorpece de outra maneira. Não? Então como me explica esse vício pelo jogo/ novela/ perfume/ roupas/ compras/ fofoca/ cigarro/ chocolate/ café/ sexo/ comida/ carro/ igreja/ mentiras ou qualquer outro desejo ordinário adjacente?
Não me venha com seu heroísmo barato. Pare de se comparar e se achar superior. Somos a mesma merda, não há superioridade para quem nasceu mamífero, bípede e totalmente dependente do outro para sobreviver. Somos pequenos por natureza, indolente por vocação, fracos por necessidade e carentes por exigência do modelo social vigente. Portanto, chegado a este ponto do escrito, guarde para você mesmo todos os pontos com os quais se identificou. Tome um banho enquanto pensa sobre e nãos os diga a ninguém - nunca. Finja que com você está tudo certo como cinco na soma de dois e dois. As pessoas gostam de você assim, fingido.
Inventado por: Henrique Neto às 18:19 | Link |
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20031018
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Lula prometeu o espetáculo do crescimento, mas até agora só vimos mesmo foi o crescimento do espetáculo.
Henrique José
Inventado por: Henrique Neto às 17:12 | Link |
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20031017
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Fim de tarde
Já havia se passado três dias dentro daquela sala,
três dias em uma reunião que não tinha mais fim,
três dias e perguntas óbvias para espantar o sono,
três dias e só uma janela aberta mostrando a tarde de primavera
três dias
Na rua os carros passando em câmera lenta
e você bela, altiva voando junto com o vento
banhada pelos raios dourado do vento solar
vento de fim de tarde
vento e lago e jatos de água
vento e você voando.
O ar se movendo calmo sem nada espantar
o ar deslocando de leve sua silhueta
e você, minha bandeira brasileira, superior a tudo,
como que protegida por uma cápsula
em seu belo vestido para se vestir nas tardes de primavera.
Aqui da sala homens bocejam e dizem nada
daqui o calor e a vontade de ir para praia
daqui a gravata aperta o pescoço e o paletó que quase sufoca
daqui nem água servem e o tempo urge
nesse fim de tarde de primavera.
Crianças felizes passeiam pela calçada
cachorros felizes sujando a calçada
viúvas tristes vagando pela calçada
sorveteiros de bigode vendendo na calçada
malabaristas sentados na calçada
calçada lotada no fim de tarde de primavera
Alguém ameaçou sair da sala
alguém e o calor incessante
alguém com planilhas enfadonhas
alguém tentando ser brilhante
alguém e o chefe se foi.
Restará aqui alguém?
Fiz esse poema para falar de você
mas o calor do fim de tarde
a primavera e o fim de tarde
as crianças e o fim de tarde
a calçada e o fim de tarde
o lago e o fim de tarde
e faltou tempo e espaço para você.
Inventado por: Henrique Neto às 17:09 | Link |
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?
É mau costume das operadoras de celular agora terem nomes idiotas? Primeiro foi vivo, agora é uma tal de claro.
O que deu nas bicholas de marketing? Embabaqueceram de vez?
Inventado por: Henrique Neto às 17:05 | Link |
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20031015
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não veja
A Veja, a mais dispensável das revistas semanais, quando resolve abordar um assunto é mais profunda que Adriane Galisteu em suas entrevistas. Quando não apela para àquelas enquetes do tipo "quem trai mais, o homem ou a mulher?". Pois bem, essa semana resolveram falar dos Los Hermanos - como virou modinha por esses dias - e foram tão preconceituosos, tão equivocados que você só tem uma ideia após ler: que bosta!
Inventado por: Henrique Neto às 17:04 | Link |
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20031010
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O tufinho verde quase imperceptivel ao fundo, é o parque do Ibirapuera visto da janela da minha casa.
Já o objeto voador ao fundo que parece um ovni, não é um ovni, e um avião mesmo.
Sim, me falta assunto, por isso desse post besta.
Inventado por: Henrique Neto às 17:55 | Link |
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Decepção. Decepção...
É o que sinto hoje em relação a mim. Estou tentando manter controle da situação, mas confesso que me falta ânimo.
Sou um sujeito bem esculhambado pro meu tamanho. Um amarelo esquecido, relaxado, displicente e mais uma rapa de qualidades nessa linha que a lista não caberia nesse blog.
Sexta-feira saí tarde aqui do trabalho - distante quarenta quilômetros de onde moro - e só ao chegar em casa me dei conta que havia esquecido a chave na gaveta. Voltar não dava e eu tinha só uma hora para tomar banho e ir pro show. Chamei um chaveiro que me cobrou uma fortuna para abrir a porta. Fiquei o fim-de-semana inteiro com a porta no trinco e finalmente na segunda quando estava de novo com a chave em mãos, a fechadura enguiçou. Lá vem o chaveiro de novo, só que desta vez sem cobrar nada.
Ontem, porém, me superei. Larguei minha carteira com os cartões do banco e minha carteira de habilitação dentro do ônibus seletivo que pego para trabalhar. Claro que quem achou não devolveu ainda e quando fizer - se fizer - já terá raspado os quase oitenta pilas que tinha dentro. Já falei com todo mundo da empresa de ônibus, mas nada de acharem até agora.
Cancelei os cartões, vou fazer o B.O. para tirar a segunda via da Carta, tomei esse prejuízo e ainda vou ter que ir lá na minha agência para sacar dinheiro, caso eu não opte por pedir esmola. Ontem já tive que pegar emprestado R$ 10 com um colega aqui do trabalho para poder voltar para casa.
Como vocês podem concluir, sou um perigo para mim mesmo.
Mas isso tudo deve ser artimanha do tal do "inferno astral", afinal completo mais um carnaval dia 07 de novembro. Tem que ser por isso, porquê do contrário eu vou concluir que sou um grandessíssimo filho da puta zicado.
Nem só de maré alta vive a praia, não é mesmo?
Bom, já que você perguntou o que eu quero de aniversário, não precisa ser nada muito sofisticado não. Basta me dar uma câmera digital com resolução de 3mb. Nada que você não encontre aqui ou vá gastar mais de R$ 3 mil.
Inventado por: Henrique Neto às 17:49 | Link |
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20031007
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Ah, ia me esquecendo...
No show do Los Hermanos encontrei o Thiago e o Rafael Capanema. Acredito que isso sirva como prova para os que insistem na idéia de que os Capanemas são a mesma pessoa.
O Thiago é bem bacana -aliás eu já sabia disso, pois foi ele quem desenvolveu esse layout e na época nós nos falamos bastante sobre os detalhes- nada diferente da forma como ele fala lá no blog. Já o Rafael... Ao vivo o rapaz é tão expressivo quanto um iceberg.
Vejam vocês como é essa vida. Os astros (pfff!) blogueiros também saem de casa e têm vida social.
Inventado por: Henrique Neto às 17:43 | Link |
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20031005
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Um
pequeno mago habita minha casa!
Veja as fotinhas exclusivas.
Inventado por: Henrique Neto às 17:41 | Link |
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20031004
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Show do Los Hermanos, São Paulo
Sim, o Los Hermanos se apresentou de novo aqui em São Paulo. Sim teve casa lotada de novo. Sim teve coro nas músicas do início ao fim. Sim eles estavam perdidos tamanha empolgação da plateia. Sim eles cantaram Apalo Seco -Belchior- do jeito deles. Sim o show foi curto e uma hora depois do fim na portaria do Palace, ainda havia uma galera enorme. Sim o disco funciona tão bem ao vivo quanto no estúdio. Sim o naipe de metais é do caralho. Sim eles não são deslumbrados. Sim, teve confete e serpentina jogado pela plateia enquanto eles cantaram Todo Carnaval Tem Seu Fim. Sim eles foram embora e voltaram para um Bis de quatro músicas. Sim eles cantaram quase todas as músicas do Ventura.
Não eles não voltaram para o segundo Bis mesmo ante aos apelos. Não, a plateia não havia autorizado sua saída. Não eles não deixaram de cantar músicas do primeiro disco. Não eles não cantaram Anna Júlia. Não eles não são boçais como um certo Samuel Rosa. Não eles não apelam para letras com refrões chicletinhos. Não eles não são só mais uma banda para o público jovem, eles são o que há na música nacional. Não Marisa Monte AINDA não gravou Los Hermanos, mas isso é só até ela gravar o próximo disco. Não eles não tinham noção da galera que os curte aqui em Sampa.
Veja o show em três momentos. Antes de xingar minha mãezinha pela péssima qualidade das fotos, lembre-se que minha humilde máquina não tem flash e até que é boa para seu tamanho.
Iiisso... Basta clicar nas fotinhas para ve-las ampliadas.
Inventado por: Henrique Neto às 17:37 | Link |
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20031003
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Senhoras e senhores hoje à noite no palace -tá... Eu sei que a casa mudou de nome e agora é alguma coisa como cartão de crédito music hall, mas para mim continuará sendo Palace- será sua grande chance de assistir a um show deles. Sim, sim, porquê nestas épocas de Preta Gil pagando de cantora, nada melhor que músicos talentosos fazendo música de qualidade.
Eu vou e te encontro por lá.
Fotos? Aguardem a volta.
Inventado por: Henrique Neto às 17:32 | Link |
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20031001
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Traduzir-se
Escrever é um ato declarado de sofrimento. Só um escriba compreende a dor de quem se traduz em palavras. Por que converter hormônios, suor e dasassossego em linhas, tem o mesmo peso de se fazer uma auto-denúncia espontânea em coreto de praça pública.
Só escreve quem não cabe em si de tanta inquietude e se o faz, é por medo de transbordar ou se afogar emaranhado em suas próprias disparidades. Escrever não enobrece nem redime, é apenas uma questão de necessidade, nada tem a ver com narcisismo ou amor velado. Pelo contrário, ao fazê-lo está se produzindo a todo instante provas contra si.
Mas, e não escrever, seria possível? Não se sabe. Antes há de se preencher o vazio deixado pelos signos com o domínio de alguma ciência dos homens, ou pela virtuose de quem domina um instrumento, ou ainda pela febre dos que carecem fazer descobertas que agitam a alma. Não é uma questão de opção escrever, quem o faz traz marcado no corpo o estigma malsã dos que querem viver tudo de uma única vez.
Escrever ou traduzir-se - no fundo uma coisa só - é fazer um manual de si. É cravar na carne com obstinação espinhos e deixar escorrer o sangue para ver emergir o que sobrou. Na há meio termo para quem se expõe feito carne em açougue. Viver na corda bamba sem rede de proteção é a vida dos escribas. Só quem carrega consigo o antagonismo dos suicidas e vive à beira do abismo em tempo integral escreve. E o faz esperançoso, como os que mandam mensagens em garrafas ao mar.
Escrever, produzir, ou construir uma mesa, é ofício. É resultado que brota de quem se esmera e transpira em busca de coisas simples como uma janela aberta para o sol.
Inventado por: Henrique Neto às 17:29 | Link |
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