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20050323
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A bichinha
Ei, peraí que eu vou alí até o aeropoto buscar ela e volto já.
Ícaro, nada de fazer festinhas só porquê a casa está vazia, viu!
Inventado por: Henrique Neto às 07:15 | Link |
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20050317
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Acidente
Hoje, coroando em grande estilo, a certeza me veio aos olhos. Não há mais o que esperar. É chegada a hora. Dito assim, de maneira como sempre faz esse que se esconde atrás das letras, parece nonsense, hermetísmos anódinos ou coisa que o valha. Fato é que cada um entende de um jeito e os que por ventura não, espancarão o teclado em e-mails inquisidores; mas ficará assim, contudo.
Você sabia que estou num estado de pacifismo de deixar qualquer Gandhi babando de inveja? Pois estou. Evitando arengas das mais variadas espécies e, como diz o cantor tropicalista, achando tudo 'divino e maravilhoso'. Cansei de reclamar, cansei das palpitações, sou agora adepto da filosofia da letra "F". Você sabe do que estou falando, nem venha...
Agora, apesar de tantos 'ais', pense numa pessoa que não quer nem saber de aumentar pontos no currículo nem pontes na safena. Eu. Meu objetivo a curto prazo é viver bem (a médio e longo também). Nada tão extremado quanto vender mungangas e deixar de tomar banho, mas ter uma vida boa, por mim e pelos próximos.
Rapaz, tu quando começa não pára mais de fazer digressões. – dirão. Mas como escrever quando se faz confissões em praça pública? Sendo generalista, não é? Ou, do que me valeria a Administração? É daí que vem esse manancial todo. Desconfiavas?
Ei, teu texto está se espichando demais. Já te disse que texto grande na internet ninguém lê. É igual àquelas correntes que a gente recebe por e-mail, com foto de criança desaparecida. A gente sempre acha que tem embromação das brabas na estória. Melhor parar por aqui mesmo.
Inventado por: Henrique Neto às 23:33 | Link |
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20050314
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Ao Papai
Ele disse para eu vir, que eu ia ser bem feliz e "se deus quiser, tudo ia dar certo". Lembro dessas palavras – ainda lúcidas – dele. Lembro dos seus anos de glórias e batalhas e da maneira muito elegante como se vestia. Nunca vi esse homem trajando ao menos bermuda. Estava sempre de calça e camisa de mangas, não havia calor que mudasse seu estilo. Nem mesmo do chapéu Panamá abria mão.
Papai, hoje, passado muitos anos de nossa convivência, queria dizer que te amo. Na verdade sempre te amei, mas a pouca idade não me permitia entender ou sequer ter ciência disso. Sei hoje, mais do que nunca, que na verdade sou você em tudo. Meu caráter, meus atos, a forma de lhe dar com os outros e enfim, do homem que hoje sou, devo tudo isso a você. Quero agradecer por você ter sido o pai perfeito que você foi, mesmo sem saber que o era. O severo, generoso, trabalhador, boêmio, honesto e único como só você soube ser.
Me orgulha voltar à nossa cidade e perceber que, mesmo tendo passado algum tempo desde sua partida, ainda sou chamado de "o filho de João Henrique". Numa hora dessas a gente troca a angústia de não ter nome, pelo orgulho de encher de ar o peito.
Uma cena que ainda hoje se mantêm intacta em minha memória é, você preocupadíssimo, sentado ao batente da porta de casa, se perguntando como honraria um compromisso no dia seguinte. Na minha meninice sabia que alguma coisa te aborrecia, mas não que era a dívida com o outro que fechava seu semblante.
Lembro ainda, que adorava ir à noite para o mercado com você, para te ver jogar sua sueca sagrada. Voltar pela rua de mãos dadas contigo, ou ir para a olaria ver queimar as caieiras em que as labaredas lambiam o céu bem alto.
Tenho poucas certezas na minha vida, papai, mas uma dessas certezas é o nome que terá o filho que um dia quero ter. Se chamará João Henrique, como você, mesmo que esse seja o único.
Hoje à noite, papai, seu filho mais velho experimentará de uma rara sensação de prazer. Tendo ido muito além em sua brilhante carreira, receberá os louros de anos de correria pelo mundo à fora, e tenho certeza que em algum momento – tal como ainda hoje faço – ele olhará em meio a multidão procurando um rosto que há muito não se vê. E esse rosto, papai, é o teu que tanta falta faz. Que é o mesmo rosto que hoje enxergo quando me olho no espelho.
Inventado por: Henrique Neto às 08:30 | Link |
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20050308
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Tempo
Àquele cara que vendia capa de vídeo no viaduto do Chá, meu amigo, mudou. Deu uma diversificada e agora vende até capas para máquina de lavar. Não grita mais: "Caaapa de vídeo!, Caaapa de vídeo!, Caaapa de vídeo!, ..." com sua voz rouca que nos fazia ouvir sua garganta irritada, arranhando, à beira da falência. Talvez, por isso, tenha trocado o espetáculo pela sombra. Ele também fez luzes no cabelo, como todo favelado que se preze, para da uma melhorada no visual. Não conseguiu.
Eu até imagino ele, todos os dias de manhã levantando e lavando o rosto para vir para o Centro trabalhar. Café preto no botequim, ônibus lotado, gente fedendo àquela hora da manhã e lá, bem dentro dele, a certeza que tudo tem melhorado. Tem melhorado por uma razão: ele também mudou. Mudou, e essa mudança já lhe rende frutos. Mudou, assim como você e eu também mudamos.
E nós mudamos, amigo, isso é inegável. Mudamos por uma questão de necessidade, mudamos porque viver igual nunca deu pé nem nunca vai dar. Mudamos para continuar vivendo e muito por isso, a cada início de ano preparamos listas com resoluções, pensamos em comprar uma bicicleta, fazer aulas de inglês, viajar para a Lapônia ou qualquer ação que nos salve do cotidiano. Por que precisamos ser salvos, se não a onda vem e nos leva. Temos de mergulhar nela para não sermos derrubados, e é por isso que mudamos.
Se não mudamos, deveríamos ter. Sim, e por razões vitais ou pura necessidade de enganarmos a si mesmos (e aos outros). Sabemos que no fundo, tudo se resume a nossa vidinha de segunda a sexta. Mas quem dirá? Não há quem ouse. Haja coragem para admitirmos que estamos, vivemos, agimos e somos iguais, apesar do Big Brother e do beijo do Chico no mar do Leblon. Iguais. - Garçom, mais uma dose de resignação, por favor!
Você toca sua vida igual como era antes, e não há culpa nisso. O homem primeiro tateia e somente depois anda, porque nessas horas é o senso de auto-preservação que impera. Ninguém aqui tem vocação pro trapézio e por isso mesmo, é que ouvi você abandonar sonhos pelo caminho, pensando na garantia do aluguel no fim do mês. Na hora não quis (ou não pude) te compreender, somente hoje é que sei no que estava falando.
No fundo a gente quer mesmo é um domingo com Silvio Santos, passeios no shopping e todas essas certezas cotidianas cheias de segurança e nenhuma novidade. Queremos, porque sabemos exatamente como elas começam e acabam e dessa forma, não há risco para nós. Só o berço esplêndido das coisas, exatamente como as sabemos e sempre as faremos.
E a isso, amigo, chamaremos de mudança.
Inventado por: Henrique Neto às 20:46 | Link |
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20050306
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Entrevista à Folha.
Ariano Suassuna é para mim, uma grande mente viva da cultura popular. Grande mente por razões óbvias e, também, porta-voz de um universo tão rico, mas tão rico, que a gente enriquece só de escutar. Acho ele ainda, um contador de estórias magnífico.
Leia aqui a entrevista que deu à Folha de São Paulo nesse último sábado.
Inventado por: Henrique Neto às 16:48 | Link |
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20050302
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Freud e Mãe Menininha do Gantòis
Era absolutamente monotemática. O assunto?
Eu.
Em primeira pessoa do egoísmo. Tudo, sem exceções, começava ou terminava nela mesma (quando não aconteciam as duas coisas). Conseguia – é verdade – ouvir outros assuntos diferentes de “eu” por no máximo três minutos, mas via de regra, era eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, e quando a audiência cansava, falava em de si de forma indefinida. Tipo: a 'pessoa' tem de ser assim-assado. Se auto-referenciava fulltime. Nem na China comunista, o imperador exigia tanta exclusividade.
Anos de divã, terapia de florais, reiki, daime, promessa, astrologia, filosofia, peregrinações, Contardo Calligaris, o caminho de Santiago de Compostela ou Mãe de Menininha do Gantòis, conseguiu curar àquela carência toda. Um saco! De onde veio essa carência? Investigações mais profundas podem resolver o caso. Só assim, acredito. Mas se a vontade é ser o centro gravitacional do universo, desse mundo e dos outros ainda por existir, porquê não transcender?
Fato é que se é pobre com ad eternum, quando se nasce nessa condição malsã. Culpa, rancor, inveja, fel de bílis e outros sentimentos nobres adjacentes, fazem e farão as honras da casa. Ora, de quem estou falando? É fácil, Daniela! Se esforce que você haverá de saber. Vamos lá, não é tão difícil assim.
Mas anda rápido. Corra antes que leitores incautos escrevam desaforados correios, desses em que se escreve espancando o teclado, em revolta ao problema exposto em praça pública na hora da quermesse. Identifique, mas não julgue nem aponte. Os afetados falarão em projeção e outros psicologismos herméticos e indecifráveis, como todas as ciências inventadas por um homem só.
Como essa história acaba?
Só Freud sabe.
Inventado por: Henrique Neto às 21:10 | Link |
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