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20051230
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Jabor
Manuela, uma morena aprumada lá das bandas do rio Potengi, mandou esse texto inspirado de Arnaldo Jabor.
Bora ler que o cabra matou a pau.
"Só nos restam as maldições (*) Arnaldo Jabor
Malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, trampistas , intrujões, songamongas, chupistas, tartufos, sicofantas, embusteiros, trampolineiros e vigaristas, que a peste negra vos cubra de escaras pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas patranhas, marandubas, fraudes, carapetas, lérias e aldravices se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, cus, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarréias torrenciais e devastadoras. Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, prostitutas, barregãs e micheteiras que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira.
Malditos sejais, ladrões, gatunos, pichelingues, unhantes , ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais cerca de 20 por cento de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo, enquanto trombeteais programas populistas inócuos.
Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos, nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes rancorosas vos traiam e contaminem com as mais escabrosas doenças e repugnantes feridas!
Malditos sejais, carecas sinistros, valérios sem valor, homúnculos dedicados a se infiltrar nas brechas, nas breubas do Estado para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas como a do Marinho, naquele gesto eternizado na TV, até grandes negociarrões com empresas fantasmas em terrenos baldios!
Malditas sejam as caras de pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos frios, imunda honradez ostentada, tranqüilo cinismo, baseado na crapulosa legislação que os protege há quatro séculos, por compradiços juízes, legisperitos fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos; que vossas togas se virem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas mortes que virão pelo tédio e por vossa ridícula sisudez esclerosada com que justificais repulsivas liminares e chicanas, que liberam vagabundos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões!
Malditos sejais, falsos revolucionários, medíocres carbonários agarrados em utopias velhas de um século, ignorantes que disfarçam a própria estupidez em ideologia, para os fins mais asnáticos, através de meios estapafúrdios; malditos sejam os 25 mil canalhas infiltrados pelos bolchevistas-dirceuzistas-genoínicos na máquina pública, emperrando-a e sugando migalhas do Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos arquivos empoeirados da burocracia que impede o país de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos!
Malditas sejam também as “consciências virginais”, as mentes “puras” que se escandalizam com os horrores, mas nada fazem; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não-culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas e que preparam a espúria reeleição dessa gente e a chegada posterior dos populistas e falsos evangélicos mais sórdidos do país!
Malditos sejam também os governistas que ousam negar o mensalão, malditos sejam os técnicos despudorados que ostentam uma “seriedade” lógica e contábil nos fundos de pensão e em estatais, de onde jorrou o grosso do dinheiro do valerioduto, tão bem ilustrado pelo jato de água e lama na fazenda do Delúbio, com sua cara destabocada e de maus dentes! Malditas sejam as metáforas que escorrem dos bolsos do Lula como pequenas lesmas, gordas sanguessugas, carrapatos infectos. Que essas metáforas lhe carcomam o corpo e que seus bonés, barretes, toucas e gorros de Papai Noel demagógico lhe atazanem o crânio até ele confessar que sabia de tudo, sim! Que sua cara denuncie tudo o que ele é, desde a vermelhidão crescente de suas bochechas até as sobrancelhas de diabo que traem o sorriso populista para enganar os mais pobres!
Malditos os que querem desfazer a única coisa que segurou o Brasil nesses três anos: a “herança bendita” da economia; malditos os que desejam destruí-la para trazer de volta a inflação e a irresponsabilidade fiscal, malditos anjos da cara suja, malditos olhinhos vorazes, malditos espertos fugitivos da cassação, anatematizados e desgraçados sejam os que levam dólares na cueca e, mais que eles, os que levam dólares às Bahamas, malditos os que usam o “amor ao povo” para justificar suas ambições fracassadas, malditos severinos que rondam ainda, malditos waldomiros e waldemares que rondam ainda, malditos dirceus, arroz-de-festa de intelectuais mal informados, malditos sejam, pois neles há o desejo de fazer regredir o Brasil para o velho Atraso pustulento, em nome de suas doenças mentais infantis!
Se eles prevalecerem, voltará o dragão da Inflação, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas em cada cabeça, e a prostituta do Atraso virá montada nele, berrando todas as blasfêmias, vestida de vermelho, segurando uma taça cheia de abominações, suas fornicações e ela, a besta do Atraso, estará bêbada com o sangue dos pobres e em sua testa estará escrito: Mãe de todas as meretrizes e Mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país.
Só nos resta isso: maldizer.
Portanto: que a peste negra vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos de 2006 vos exterminem para sempre!
Feliz ano novo!"
Inventado por: Henrique Neto às 09:32 | Link |
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Fantasias
Papai Noel – ou Carlos da Costa e Silva, seu nome de cristão –, fechou um contrato bacana com a agência 'Special Jobs'. Desempregado desde o ano passado, vai trabalhar durante o mês de dezembro numa loja de brinquedos. Como nesse período em que ficou em casa, Papai Noel, digo, Carlos, engordou alguns quilos, sua fantasia teve de ser feita uns dois números acima do seu.
Noel (ou Carlos) pega no batente às dez da manhã e vai até às dez da noite, de segunda a domingo. Fumante que é, passa o dia arranjando desculpas para ir ao banheiro. Tirando um ou outro inconveniente, Carlos até gosta desse trabalho. Quando seu joanete começa a latejar, por exemplo, tem vontade de beliscar a molecada que senta no seu colo, mas fora isso é tranqüilo, ou quase...
Outro dia um pivete que queria ganhar a coleção completa dos Cavaleiros do Zodíaco, lhe acertou um chute bem no meio da sua canela, só porque Carlos lhe perguntou se ele tinha se comportado bem durante o ano. "A molecada de hoje anda tão mimada...". Teve outro que deu escândalo, só porque a mãe não deixou cutucar o olho do papai Noel para ver se era de verdade.
Agora, sufoco grande, Carlos passou no dia em que a mãe de um menino fez escândalo, dizendo que o papai Noel tinha dado um cocorote na cabeça do seu filho. Ela chamou o gerente, ameaçou ir à delegacia, queria que demitissem o papai Noel, e a celeuma só se resolveu depois que a loja lhe deu brinquedinhos de brinde. O emprego do Carlos quase foi para o vinagre, a sorte foi que seu Benedito, o segurança da casa, viu a cena toda e defendeu o colega.
Mas Carlos tem conseguindo economizar uma grana, almoça cachorro-quente com Coca todo dia. Se conseguir segurar a onda desses boyzinhos pentelhos até o natal, a agência pode contratá-lo para trabalhar como coelho na páscoa.
Depois que passar a virada de ano na Praia Grande, Carlos vai fazer um bom regime. É que a D. Eliana lá da agência, prometeu que se ele entrar em forma, ela arruma uns bicos como palhaço para ele fazer.
Por causa de seu joanete, Carlos pediu para ela arranjar umas fantasias com número de calçado maior que o seu.
Numa de suas escapadas para fumar, Carlos se deu conta que nunca em sua vida, se sentiu tão realizado profissionalmente.
Inventado por: Henrique Neto às 12:30 | Link |
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20051223
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"(...) Eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você guarde um sonho bom pra mim".
Rodrigo Amarante in: Primeiro Andar - 4 .
Inventado por: Henrique Neto às 10:52 | Link |
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20051221
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Depois de quatro obsessivos anos escrevendo nesse canto de rede, acho que posso me dar ao direito de gostar de alguns escritos. Faz dias que estou com esse trecho de crônica na cabeça:
"(...) conversaremos sobre (um dia) e aí me esforçarei bravamente para mentir você perceberá e de olhos sob pressão, te direi sem arrodeios do tempo que sofri pensando no que de fato nem chegou a ser mas que dá até vontade de acreditar".
Preocupante.
Inventado por: Henrique Neto às 11:07 | Link |
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20051220
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Cheiro
Dizia das incontáveis formas de se divertir. Lembrei do seu riso frouxo, do cheiro que ainda dorme em minha cama, das muitas possibilidades de se sentir saudades (até da própria saudade) e dos amores cultivados no desenrolar da vida. Ela, que agradava sem fazer esforços, agora habita um sonho non sense.
Se eu fumasse, estaria nesse momento sentado na sala de minha casa, gestos firme para pegar um cigarro, isqueiro perdido em algum canto da mesa de centro, olhar a procura de diversões e o pensamento lá em você. Meus pensamentos monotemáticos... Variam de pessoa, lugar e cheiro, mas no final - noves fora o que não conto - são sempre a mesma coisa: você transmutada, os mesmos lugares revisitados e o cheiro do meu olfato tão limitado.
Um homem e suas previsibilidades.
Sonhos para quebrar marasmo lembranças de fatos não vividos saudades de seu sorriso grande flutuando aqui na minha cabeça.
Mais um trago as vias aéreas invadidas o balé suave da fumaça fugindo para o céu seus olhos sobre mim sua boca carnuda me consumindo eu apaixonado me ardendo em brasas e a saudade escrota do que deixamos de viver.
Sonhos para aperrear inquietudes em noites claras.
Apago o cigarro, mando a roupa de cama para lavanderia, boto em marcha os compromissos do dia, dou satisfações a quem compra meu tempo; e entre distrações casuais, sei que ficarão os mesmos pensamentos, a mesma saudade, a vontade incontrolável de ter você do meu lado, e as dissimulações nas respostas de perguntas feitas à queima roupa.
***
Preciso aprender a fumar.
Inventado por: Henrique Neto às 11:26 | Link |
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20051216
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'Eu vou estar aceitando'
Eu ando me afeiçoando com certa facilidade aos objetos. Minha mais nova paixão é por um par de meias com um furinho. Até tenho uma quantidade razoável de meias, mas essa, em especial, me abala a cada vez que abro a gaveta. "Preocupante" – diria tia Lita sentada na sua cadeira de balanço.
Tudo começou no dia em que descobri o buraco, bem no peito do pé esquerdo. Num primeiro momento ele era tímido, 'low profile' total, depois de algumas seções na máquina de lavar, foi se sentindo mais à vontade e tomando o seu espaço. A meia ficou até mais charmosa depois de rota, agora virou coadjuvante da minha vida, num lance meio companheiro de estrada, sabe? Acho que vem daí essa minha dificuldade de 'despego'.
Outro dia Sirleide – minha faxineira – ia jogar a pobrezinha fora, ainda bem que cheguei a tempo de salvá-la de tamanha injustiça. Não sei que bloqueio é esse das pessoas com pequenos buracos, eles são tão inofensivos... Normalmente ficam lá na deles, e aí sempre tem uma alma com excessivo senso prático, querendo promover a barbárie da limpeza.
Pobre dos que não têm no armário uma peça com furinho histórico. Essas vítimas da moda nunca saberão da delícia de usar uma camiseta manhosamente malajambrada, para dormir o sono dos bravos. Acredito até que, elas nem desconfiem que exista vida além de um terno Armani.
É por essas que lá em casa os furadinhos encontram guarida, e podem reinar em berço esplêndido. Defenestrar é coisa séria para mim, por isso virei adepto da panela à moda de Sergio Reis.
Portanto, minha jovem radiouvinte, não se acanhe se tiver algo com furinho para me dar. Pense num homem que 'vai estar aceitando'!
Inventado por: Henrique Neto às 11:51 | Link |
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20051215
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Carta aberta para um amigo além-mar por João Paulo Cuenca
Caro Chico, li o e-mail que você me mandou mas não tive tempo de respondê-lo antes. Fico feliz em saber que tudo vai bem por aí: os estudos, o trabalho e a mulher. Manda beijo pra Ana. Tenho saudades de vocês, temo que fiquem por aí de vez. Há dias em que acho que seria bom negócio. Lembro que você estava assustado com a leitura dos jornais brasileiros pela internet e me perguntou se o bicho estava pegando mesmo por aqui.
Está, não está. Tudo continua dando um jeito diferente de continuar igual. Os senhores barrigudos de sunga continuam tomando chope no boteco da esquina da Paissandu, as meninas com roupa de lycra continuam rebolando pelos quarteirões e os sujeitos continuam cada vez mais fortes e altos - se continuar assim, nossos netos terão dois metros de altura e 130 quilos. O nosso Mengão continua numa eterna hora da xepa, sétimo técnico em 16 meses. Fluminense levou o título do estadual num jogo roubado (como sempre) e a seleção do Parreira continua com o jogo embaçado.
A maioria dos nossos amigos continua encostada na casa dos pais, reclamando da vida, sem bom emprego e grana no bolso. A TV continua cada vez pior e cada vez mais batendo recordes de audiência, 80% de share, retorno total de mídia. A música que toca na rádio continua cada vez mais conchavos e jabá. A polícia continua metendo bala, os traficantes também. Lula, Garotinha e César continuam agindo como três patetas do inferno. E o povo na mesmíssima: esgarçado no meio do tiroteio. A coisa aqui, meu caro, tá pretíssima.
Nunca saí tão pouco à noite. A última moda são aquelas festinhas anos 80, lembra delas? Perderam a graça em 95, mas ninguém notou. Por semana aqui no Rio são no mínimo dez. Lotam o Circo Voador. No século passado, o Circo lançava tendência. Hoje em dia a tendência é a banda cover de música ruim. Barrigudinhos de 30 anos que não viveram adolescência se olham no espelho retrovisor, ajeitam a camisa para dentro da calça, tentam recuperar tempo perdido. Adolescentes difusos pegam nostalgia emprestada - zumbis de olhar ermo, mendigando sentido. Tocando o gado, os organizadores ganham boa grana com a indigência existencial dos outros. E quer saber? Estão certíssimos. Há de se ganhar o qualquer um e a vida.
Sabe aquela música do Bob Dylan, “People are crazy and times are strange”? Não chego a ficar raivoso como antes. Você deve se lembrar como eu era, Chico. Hoje só consigo sentir vazio e pena. Uma enorme pena de todos nós. Dos coroas filtrando o chope dentro de suas enormes barrigas, das moças e marombados feitos de lycra, dos chatos do Estação Botafogo, das mini-celebridades da internet compartilhando solidão em diários insossos, da galera se esgoelando ao som da novidade de 20 anos atrás, dos velhos jornalistas e sua boêmia enlatada, dos novos jornalistas, sem sonho ou estofo, e dos jovens e velhos escritores, compulsivos, mascando palavras e mascarando vaidades. Pena dos três poderes: policiais, traficas e políticos. Pena do povo achando que não tem culpa, que não é com eles – digo, conosco.
De vez em quando, passa um filme no cinema ou ouço um disco bom. De vez em quando, gosto de levar a menina para dançar e às vezes dá para ir a um lugar que não esteja cheio de babacas. Fazemos um casal bonito e a amo como um pobre desesperado. Eu a transformei em personagem de crônica e os leitores gostam mais dela do que de mim. Pedem crônicas e mais crônicas sobre a menina triste de olhos verdes. Estão certíssimos. Eu também gosto mais dela.
Você contou que viu um cara muito parecido comigo no metrô de Londres. Pois talvez tenha sido eu. Se o encontrar de novo, diga que preciso de uma horinha comigo mesmo. Sabe quando o céu escurece, as nuvens pesam sobre as nossas cabeças, o ar e a luz do sol ficam de um jeito estranho e o pessoal fala “vai chover pra burro”? Ando assim: quase chovendo pra burro.
Novidade mesmo acho que só o novo sistema de ar-condicionado e iluminação do Lamas. Ficou mais bonito. Resta saber se aquele odor inconfundível pós-Lamas, de cigarro e mofo, vai continuar. O perfume do Lamas é uma tradição aqui em casa. Desculpa tanta chatice, meu amigo. Acho que preciso de um tempo por aí. É verdade que na Inglaterra não existe chope gelado? Estou ficando velho cedo demais. Preciso sentir falta do chope gelado. E da paisagem. Essa cidade é muito bonita e a gente se acostuma. Na verdade, se acostuma com tudo, não é? Boa sorte por aí. Manda notícias. E não me leve a mal. Um grande abraço, JP.
(Publicado orginalmente no Jornal do Brasil – 30/04/2005) João Paulo Cuenca, 27 anos, é autor de "Corpo presente" e colunista da revista TPM.
Inventado por: Henrique Neto às 11:56 | Link |
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20051214
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Las canciones del Rey
Estou preocupado. No meu iPod só tem 55 músicas do Rei.
Que fã sou eu?
Tsc, tsc. Tsc.
Inventado por: Henrique Neto às 13:50 | Link |
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20051213
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Deletérios
Dá até vontade de acreditar, Pássaro Noturno os dias correm e suas mentiras parecem fazer sentido são peças prêt-à-porter para sua coleção de aparências semi-verdades cultivadas com o frescor de suas dissimulações
Pássaro Noturno, descobri que seu egoísmo adoece deixei de desejar seus deletérios e conveniências enquanto ainda dá de repente o tempo virou e minha casa ficou mais interessante Gil avisou, é tempo de ir à feira (à minha feira) trazer só alimento esperto para gente descolada que entende e saca a cena toda
monólogos domínio da boca de cena veleidades sutis e outras mungangas com ‘objetivos de’ não fazem minha cabeça – a lucidez, ainda que tardia – sou mais é o sol e riso frouxo jogar frescobol, passar domingos manhosos, dormir do meu jeito, entorpecer idéias, travar o cérebro quando quiser, sem que isso represente o aperreio de pensar no outro e seu inferno e céu
Escute aqui, Pássaro Noturno, conversaremos sobre (um dia) e aí me esforçarei bravamente para mentir você perceberá e de olhos sob pressão, te direi sem arrodeios do tempo que sofri pensando no que de fato nem chegou a ser mas que dá até vontade de acreditar
Inventado por: Henrique Neto às 11:48 | Link |
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20051212
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meteoro
Eu direi as palavras mais terríveis esta noite enquanto os ponteiros se dissolvem contra o meu poder contra o meu amor no sobressalto da minha mente meus olhos dançam no alto da Lapa os mosquitos me sufocam que me importa saber se as mulheres são férteis se Deus caiu no mar se Kierkegaard pede socorro numa montanha da Dinamarca?
os telefones gritam isoladas criaturas caem no nada os órgãos de carne falam morte morte doce carnaval de rua do fim do mundo eu não quero elegias mas sim os lírios de ferro dos recintos há uma epopéia nas roupas penduradas contra o céu cinza e os luminosos me fitam do espaço alucinado quantos lindos garotos eu não vi sob esta luz?
eu urrava meio louco meio estarrado meio fendido narcóticos santos ó gato azul da minha mente Oh Antonio Artaud Oh Garcia Lorca com seus olhos de aborto reduzidos a retratos
almas almas como icebergs como velas como manequins mecânicos e o clímax fraudulento dos sanduíches almoços sorvetes controles ansiedades eu preciso cortar os cabelos da minha alma eu preciso tomar colheradas de Morte Absoluta eu não enxergo mais nada meu crânio diz que estou embriagado suplícios genuflexões neuroses psicanalistas espetando meu pobre esqueleto em férias
eu apertava uma árvore contra meu peito como se fosse um anjo meus amores começam crescer passam cadillacs sem sangue os helicópteros mugem minha alma minha canção bolsos abertos da minha mente eu sou uma alucinação na ponta de teus olhos
[Roberto Piva - Paranóia - Instituto Moreira Sales, 2000]
Inventado por: Henrique Neto às 12:16 | Link |
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La noche con el Rey
Um show de Roberto Carlos é uma oportunidade para resgate do romantismo. Nessa carinhosa relação não há decepções, pois o público sabe exatamente o que está comprando e ele, o Rei, não se faz de rogado e entrega o prometido. Ah, se todas as histórias de amor fossem assim, fofinhas...
Gravação do especial de fim de ano do Rei da Rede Globo, e na platéia – VIP é bom que se registre – esse potiguar que vos escreve com os olhos ainda embotados de sono. O agreste norte-rio-grandense estava devidamente representado, só faltou plaquinha de "mãe, tô na Globo!".
O repertório foi um alento para a platéia que esperou (quase) pacientemente o show começar (fez-se certo muxoxo, é verdade), após duas horas de atraso. O rei tocou violão em Detalhes, piano numa baladinha para sua "Maria", ensaiou um roque mais agitadinho com o pessoal do Jota Quest, cantou Elvis em inglês e ainda fez dupla com Claudinha Leitte (vocalista do Babado Novo). Mas entre tantos números musicais, o que disputava a atenção, era a breguice à moda paulistana (desculpe o trocadilho).
Quando eu morava lá em Espírito Santo/RN – nome fantasia da Terra Santa –, pensava que a cafonice era propriedade exclusiva dos interioranos. Ledo engano, o ser humano é ridículo em qualquer parte mesmo. Nunca vi tantos brilhos, plumas, lantejoulas, chapinhas, afetações fashionistas e variações desse mesmo tema. As senhouras da platéia pareciam ter começado a se preparar para o show, desde segunda-feira passada. Tanta cafonice junta não poderia dispensar a presença de Hebe, que estava lá abençoando àquele estado de coisas e paetês. Os painéis de projeção do palco não brilhavam tanto quanto o vestuário da galera, esses certamente ganhavam com larga folga.
Claro que numa ocasião como essas, não poderiam faltar os empolgados e seus famigerados celulares, ligando para qualquer conhecido que por azar estivesse acordado àquela hora da madrugada, só para dizer: - advinha onde estou?
Deixando o fuxico de lado, recomendo a todos para irem ver o Rei cantar. O cara além mandar bem, ainda faz a gente curtir uma catarsezinha coletiva devidamente acompanhado.
Inventado por: Henrique Neto às 15:03 | Link |
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20051206
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Quase Tudo
Em 2003 eu morava na Praia da Costa, em Vila Velha - ES, que na minha opinião, é a parte mais bonita do litoral capixaba. Como a imprensa local deixava – e muito – a desejar, assinei a folha de São Paulo. O jornal chegava pela metade e custava uma nota. Foi por essa época que comecei a ler a coluna dominical de Danuza Leão. Gostava muito da forma como ela escrevia e mais ainda, dos assuntos abordados.
Nessa época eu estava ouvindo muita Bossa Nova, e Nara Leão era presença constante lá em casa. Um dia, sem muitas pretensões, mandei um eMail para Danuza elogiando a coluna, dizendo de como gostava do trabalho de sua irmã, e sugerindo que ela escrevesse um livro com aquelas memórias que ela narrava a conta-gotas no jornal. Fiquei surpreso com o fato dela responder o eMail (eu realmente não contava com isso), dizendo que não tinha pretensões de faze-lo.
Ainda bem que Danuza mudou de opinião e lançou Quase Tudo. O livro de memórias escrito por ela, é uma conversa agradável que a gente tem com os amigos mais chegados. Lá Danuza conta as muitas histórias que viveu, se mostra sensível e muita atenta aos fatos que se passaram.
Danuza tem um “manual de etiquetas” publicado há dez anos – Na Sala Com Danuza –, e que até hoje é sucesso de vendas. Eu também recomendo esse livro, pois ela, que sempre trafegou em altas rodas, sabe exatamente o que fazer para não se meter gafes.
Em Quase Tudo Danuza conta histórias muito boas sobre personagens da época, de um jeito muito particular.
Se puder compre o livro, e se não puder, pegue emprestado.
Vale a pena.
Inventado por: Henrique Neto às 12:45 | Link |
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20051205
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Bia descobre o metrô
Evelyn também.
Ceia
Paulista
Inventado por: Henrique Neto às 17:34 | Link |
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