Coxinha engordurada
Festa é uma ocasião especial, disso sabemos. É quando nos preparamos para comemorar um fato especial ou celebrar uma data importante e por isso, precisamos estar incutidos do sentimento de celebração para podermos festejar. Aqui em São Paulo, porém, algumas festas têm um sentido um tanto distinto do conceito clássico, a começar pelo nome: "evento". Ora, mas o que seria esse tal evento?
Evento é um coquetel organizado para um fim específico - lançamento de um novo produto, apresentação de resultados/metas ou alguma outra chatice do mundo corporativo - onde pessoas de uma mesma empresa se vestem de forma cafona, para se empanturrar de mini salgadinhos afogados na gordura, tomar vinho vagabundo, suar feito um porco dentro do paletó e dar risadinha das piadas cretinas contadas pelo mala do departamento financeiro.
É no evento que corremos o risco de esbarrar a todo instante com os mais escrotos habitantes do escritório. Aqueles que a gente evita encontrar até no café, pois já são excessivamente inconvenientes sóbrios, imaginem com umas doses de Cidra Cereser nas idéias. Por fim, evento é uma espécie de festa com a função de nos lembrar que em algumas situações, nada melhor que estar em casa descalço vestindo um confortável samba-canção.
Porém, como o mundo está afogado na cretinice da convivência social, somos "obrigados" a participar destes suplícios apenas para dizer aos carentes de plantão: hei, estou aqui! Vim nessa porcaria - ainda que contrariado - só para lhe causar a ilusória impressão de que eu realmente me importo com você.
Esse martírio todo tem um nome: política. Por que hoje em dia não adianta só falar quinze idiomas, dominar o computador, ter quatro MBAs e quatrocentos anos de experiência na área. Você também tem de aprender a ser dissimulado.
Inventado por: Henrique Neto às 16:57 | Link |
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