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20040430



Gruta do Bode


Meu pai saiu de casa atrás da febre do ouro. Meu pai e seus amigos, os sete atrás de uma história contada pelo avô do meu avô a ele e dele a meu pai ainda menino. A história ecoava na cabeça do meu pai desde de sua meninice com memória. Sabia o que fazer para conseguir tão abastada recompensa e sabia também que, ao encontrá-la, os netos dos seus netos viveriam na mais confortável fartura que nenhum homem da região jamais imaginou.

Depois de tudo combinado, cordas compradas e cachaça tomada, partiram numa caravana de exploradores. O local ofertava aos seus encorajados visitantes duas opções apenas. Vamos deixar a mais funesta para lá e tentar lembrar da que diz da recompensa em ouro. Sacos e mais sacos de couro cheios de ouro.

O sol nem tinha acordado direito quando eles chegaram à Gruta do Bode. Era ali onde estava seu futuro de farturas incontáveis. No meio da mata a boca de entrada da gruta de tanto esperar, parecia já ter desistido de receber alguém. Amarraram as cordas nos troncos mais grossos das árvores e na outra ponta um flashlight. Começaram a descida na mais perfeita escuridão e o contrário dos heróis clássicos, os sete homens - incluso o que não ia entrar na gruta - estavam morrendo de medo, teriam desistido se não estivessem envergonhados e bêbados.

Ao descerem na antecâmara de entrada, um cubículo apertado e húmido, viram que o trajeto teria de ser percorrido de quatro pernas. A passagem era um túnel de metro e meio de diâmetro com extensão desconhecida. Não foi preciso avançar mais que três metros para saberem que lá dentro estava cheio de morcegos, e esses passavam voando tão rentes às suas cabeças que esbarravam. Mais alguns metros e o flashlight apagou, seguiram adiante só por saberem que voltar só se fosse de costas e como não é difícil imaginar, essa tarefa não seria simples por razões puramente motoras.

Tendo percorrido uma distância imprecisa e por isso cansados, chegaram a uma câmara de dois por dois onde podiam, com relativa dificuldade, ficar de pé. No centro havia uma espécie de clarabóia muito pequena que trazia um fio de luz de fora. Essa câmara tinha mais outras três bifurcações além da que eles saíram. Escolhida por qual delas entrar, eles percorreram a mesma distância da primeira com as mesmas dificuldades e um agravante, seus joelhos estavam começando a ficar em carne viva.

Depois de chegarem à quarta câmara perceberam que estavam em um labirinto subterrâneo e qualquer escolha que fizessem os levariam a outra câmara igual, com outras quatro bifurcações e uma pequena clarabóia. Nesse cenário inóspito tiveram tempo de se sentirem sozinhos (não a solidão do grupo, mas a de cada um), se arrependerem, sentir saudades de casa e dos filhos, ter medo, vontade de chorar, rogar a Deus, ter medo de novo e o desejo imensurável de encontrar a saída.

João, dessa vez a frente da fila, resolveu gritar pelo amigo que estava do lado de fora da gruta, os seus gritos e o eco provocado os confundiam, mas depois de um tempo insistindo perceberam a diferença desses e da resposta do amigo do lado de fora. Pediram para que ele permanecesse falando enquanto tentavam se guiar no escuro pelo som da sua voz. Depois de andarem de câmara em câmara, viram que se tratava de um inútil labirinto composto de poucas mais de meia-dúzia de câmaras interligadas infinitamente sem levar a lugar algum. Se ainda fosse dia seria mais fácil achar a saída pelas clarabóias, mas havia transcorrido tanto tempo naquele vai e vem desmedido que se não fosse pela voz-guia do amigo do lado de fora, nunca teriam conseguido sair daquele nó.

Algum tempo depois, João finalmente sentiu bater em sua cabeça a corda de subida, aliviado talvez tenha feito uma rápida analogia entre essa corda e o fio de Ariadne. É mais provável que não, posto que estava cansado demais para digressões literárias e analogias com Minotauros e seus labirintos.

Em casa de banho tomado (e sem um grama de ouro se quer), no meio de uma roda de pessoas curiosas para ouvir do acontecido, João pôde sentir alívio ao ver nos olhos de cada um que o achavam louco, corajoso e acima de tudo davam graças a Deus por ele estar vivo.

Tempos depois, os sete aprontaram outras presepadas etílicas nessa mesma linha, mas dessa vez tomaram cuidado para não entrar homem demais em buracos de menos.



Inventado por: Henrique Neto às 11:34 | Link |





































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