Rascunho de Copacabana
Copacabana é uma velha decadente. Ficou engessada entre músicas, poemas e a imaginação dos escritores.
Copacabana está penhorando suas jóias, João. Não tem mais dinheiro pra tintura e está com suas vestes rota, mas sem querer perder a pose. Esconde embaixo de cada marquise um mendigo, em toda esquina uma garrafa de cola atachada a boca de um moleque, não sabe mais o que será de seus dias.
Copacabana virou clichê de si mesma.
Uma puta na atlântica [corta!].
Velhos viúvos pelo bancos [corta!].
Veados comendo churrasco de gato com cerveja [corta!].
Turistas roxos de ensolação [corta!].
Hippies vendendo parangolés [corta!].
O preto pobre e favelado disfarçado de funcionário [corta!].
Copacabana não existe mais, é só um rascunho do rascunho do rascunho do que um dia foi. Apodrece com o iodo que vem do mar. Morre cada dia um pouco como as viúvas tristes e seus cachorros cagões. Fora da Bossa e sua beleza estética , Copacabana não passa de um hotel grandioso de linhas sombrias e ameaçadoras. É filme ruim com gosto de tempo perdido e dinheiro do ingresso de volta.
Triste dos que vivem em Copacabana a escrever sobre seu mar óbvio de calçadão previsível e frequentadores nostálgicos de si mesmos.
Não há mais reis nem rainhas em Copacabana, Geraldo, hoje - deslumbrados com o dinheiro - eles moram na Barra em um daqueles condomínios luxuosos e são vizinhos de garagem de um ex pagodeiro famoso.
Inventado por: Henrique Neto às 22:33 | Link |
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