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No futuro tudo – do hoje – parecerá excessivamente ridículo. Todas as marchas, gritos, dramas particulares, conquistas por direitos, tudo, será enfadonhamente datado e a isso, daremos o nome de evolução social.
Diferentemente dos outros dias, hoje não chove, não há no céu da cidade uma luz oblíqua típica desses dias.
Descobri essa obviedade antes de fazer a barba no chuveiro, ouvindo uma canção bonita do Caetano, com uma porção de idéias soltas na cabeça e uma leve sensação de dever não cumprido.
Faz sol, o céu é azulzinho, tem algumas nuvens e bate um vento gelado perto dos dez graus. Um engano para os escravos das imagens.
Complicado são os outros. Pensei com o alívio de quem transfere uma culpa. Hoje está difícil ser eu (teria dito num lance meio boneca tristinha). Mas, com o frio que faz lá fora, hoje não é um bom dia para pular do telhado ou outros clichês chatinhos.
Dependendo do andar que você mora e da posição da sua janela, hoje é possível ver o horizonte em São Paulo. Com esforço, até se enxerga o pico do Jaguaré. Mas do quê nos serveria ver o Jaguaré?
Você tem se alimentado e se agasalhado bem? Perguntou-me numas de mãezinha zelosa. A resposta é não. Em ambos os casos. Tenho estado tão magro e mal agasalhado quanto só eu sei ser e estar.
Inventado por: Henrique Neto às 15:50 | Link |
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