Vila Bela do Espírito Santo
Vila Velha, quando foi que me banhei em teu mar?
Também não me lembro da derradeira vez em que comunguei esse rito, porque se banhar no mar é um rito de purificação da alma em chagas
Me esqueci de ti Vila Velha
das lindas luas de tua Praia da Costa
de sentar em tua areia e olhar os barcos passando sem pressa
de esperar nada de vida nenhuma
aprendi, Praia da Costa, a esperar coisa alguma do que se vê
Me diz Velha, tens cuidado bem de teus beija-flores?
Das vegetações rasteiras e de tuas florestas represadas?
Te cuidas, Vila. Cuidas para que não transformem a ti numa cidade-coisa
lute, porque um dos grandes perigos nessa vida é deixar-se de ser quem se é
– viagem sem volta
Saudades de ti, velha Vila
saudades doída e latejada
como a de um braço arrancado que a gente sabe nunca mais voltar
saudades com gosto de tesouro para se carregar pela a vida toda
minha Vila de chocolate
tu que abrigas em si o antagonismo lírico e a pseudo-modernidade
– doença em voga
Da próxima vez em que nos encontrarmos (fica aqui combinado)
eu e teu mar
corremos em direção ao outro para festejar majestoso momento
e celebrar com devoção esse saboroso rito,
não te esqueças de mim
minha querida e breve Vila Velha
Inventado por: Henrique Neto às 20:51 | Link |
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