Enquanto arrumo a mala
De impossibilidade em impossibilidade é que tenho vivido. Passo dias concatenando pensamentos desconexos e apesar disso, ainda tento fazer uma leitura subliminar dos fatos. O caos.
Ontem, feliz pela moça do ônibus que me deu trela, pensei em vender a bicicleta, comprar uma samambaia e talvez, até mês quem vem, suturar o cisto sebáceo do meu pé esquerdo. São planos, ainda.
Lendo Galera, confundi com João que agora escreve para meninas em suplemento dominical. 'Uma grana fácil fora a parte óbvia', me confidenciou por carta. Ela também escreveu. Se humilhou, pediu perdão, pediu para voltar e me deixo assim, de coração balançado. Jura que não vai mais caçar no celular evidências de um beijo sem paixão, uma noite de sexo recreativo. Fez pela vez derradeira. Creditei – como sempre.
Estava aqui pensando no controle que a gente pode exercer sobre as pessoas, ainda que elas nem te conheçam, o medo as deixam fáceis e dóceis. 'Uma belezura', teria dito trajando seu mais caro 'tallieur'. Porquê todas as balzacas são gostosas? A Maria e seu nariz de princesa das Ilhas Canárias, a Paula, Débora e claro, Bruna.
Sentido culpa, dessas bem doídas, chorei sentado na privada pensando em como tinha sido cachorro. Gostava demais dela, mas não disse e nem me cuidei. 'Um crápula!'. Diria o pai se vivo. Concordaria com ele, mas, fingindo constrangimento, faria com que lembrasse de sua condição inferior, ainda que morto.
Inventado por: Henrique Neto às 23:22 | Link |
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