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20040830
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Ela Chorou de Amor
Ela sentiu saudades
Ela me ligou
E por telefone ela chorou chorou
Ela diz que sofreu
Sofreu de solidão
E por telefone ela pediu perdão
Ela chorou de amor
De que que ela chorou
Ela chorou de amor
De que que ela chorou
Ela diz que me ama
Ela se soltou e por telefone
Ela se entregou
Ela diz que vem
E eu vou esperar
Pelo telefone não dá pra se amar
Inventado por: Henrique Neto às 23:51 | Link |
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20040828
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Tarde
Despertado no meio da tarde, caminho aleatório por ruas distraídas. É sábado. Folhas flutuam outonais e as pessoas geladas dos bares bebem suas cervejas distraídas. A ventania, a minha nuca fria e os radinhos de pilhas nas portarias tocam para ninguém. Porteiros catatônicos executam suas tarefas autômatos e lá se vão portas que se abrem e se fecham eternamente.
Caminho nostálgico, assisto pessoas, passo discreto, mas elas são sempre ‘elas’, em Vitória, São Paulo, Tocos do Mogi, Rio, Natal, Espírito Santo, Vila Velha ou São Lourenço da Serra. Pessoas. Todas lindas e intrigantes – ou não. Do café que conforta à moça de saias cheia de segundas intenções. Do rapaz bombado e histérico à garçonete sem esperanças, a vida vive com seus imbatíveis dèjavus.
O peso da velhice precoce me amarra a todos os paradigmas (até aos que ainda não são meus) e a verossímil impressão de que não sou de parte alguma me move adiante.
Caminho por ruas incertas sem esperar qualquer porvir. Há tempos desisti da filosofia e os “quem sou, de onde vim, para onde vou?” são perguntas alheias. Tive de apagá-las do meu caderno de notas por estar muito ocupado em viver e como quem descobre o óbvio escancarado, resolvi viver um dia por dia para não complicar demais o complicável. Hoje Copacabana, amanhã a Boca do Lixo, mas sempre negociando comigo a clareza do meu querer.
E tudo pode e deve ser mais simples do que parece, e a angústia não fica em casa a sua espera, e a relatividade e suas armadilhas, e mais uma dúzia de frases feitas mas, disso tudo, o que realmente interessa é que aqui na Fornalha eles servem o melhor folheado de bacom com ameixa do mundo.
Inventado por: Henrique Neto às 17:20 | Link |
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20040826
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. Ensaio Geral
Ensaiando a conversa
de pescoço quebrado, só no cochicho
você finge que acredita que sabe
o que diz, o que ouve, o que fala
Ensaiando a conversa
com um ar de Brigitte e seus amores delicados
você banca o desprezo displicente
e eu me acabando sozinho
Ensaiando a conversa
você fala com a boca
mas diz com os olhos capciosas contradições
Ensaiando a conversa
bancando sutilezas com seu 'fake way of being'
e eu aqui na platéia
negociando lágrimas vertidas
Ensaiando a conversa
você jura amor compulsório, compra alianças, lava minhas meias
e eu querendo apenas um sexozinho recreativo.
Inventado por: Henrique Neto às 00:11 | Link |
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20040824
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Anotações prum fim de noite
Sobrevivendo ao cotidiano, transformando em mel dias em par e você agarrada ao seu orgulho, fingindo me ignorar e passar bem.
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É preciso esquecer a data.
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Não esquecer de pagar a conta.
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Comprar um par de meias.
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Lembrar de viver nos intervalos.
Inventado por: Henrique Neto às 00:07 | Link |
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20040818
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Domingo passado fui ao show do Mombojó lá no Avenida Club.
Massa demais!
Inventado por: Henrique Neto às 23:27 | Link |
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Anúncio de bodega
Eu sei que o negócio aqui anda devagar, que não tenho atualizado na mesma frequência que vocês gostariam que fosse atualizado, que estou muito hermético nos textos e essas reclamaçõezinhas que vocês sempre fazem, mas é que estou sem tempo. Mentira. Estou sem disposição para escrever e quando a encontro (a disposição) falta o micro, ou tempo, ou tudo de uma vez.
Enfim. Não sei porquê estou me justificando, mas é isso mesmo. Não troquei a net "aberta" pelo 'orkut' ou 'mutiply', apesar de fazer parte das duas panelinhas. Acho essa coisa toda um tanto claustrofóbica, sosseguem, vocês ainda vão ter de me aturar por um longo tempo. Trocando em miúdos eu disse – ou acho – que esse blog não vai se acabar. Segurem suas ondas e parem com essa choradeira.
Como eu escrevo um texto? Bom, o ponto de partida é qualquer fato que me venha a cabeça. Qualquer mesmo. Desde um vendedor de mariola na esquina até uma moça que usa bota-coturno, tudo pode ser um ponto de partida para eu ter uma idéia e verter ela em palavras para publicar aqui. Porém, antes do texto cair neste colorido blog, tem de passar por um crivo rigorosíssimo. Vencida essa etapa árdua, tem a questão do agradar. Não a você, que me lê por mera casualidade, mas a mim mesmo. Percebam que processo demorado. O texto antes de virar texto publicado tem de agradar a mim que sou notadamente, exigente, excessivamente crítico, presunçoso, insolente e ruim de jogo. Sentiram o drama?
Sem mais delongas, que esse texto sobre o nada já está longo demais, você não quer que eu escreva aqui coisas veadas do tipo: 'querido diário, meu dia começou com um ônibus lotado, depois discuti no trabalho...' e assim sucessivamente, quer? Pois bem.
Assim, hoje eu estou igual àqueles anúncios de bodega: "fiado só amanhã".
Inventado por: Henrique Neto às 23:21 | Link |
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20040811
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Baratos e afins
Abraçado a meu ódio, assim tenho vivido meus dias. Passo agosto esperando setembros, mas Dianna continua lá, firme em suas juras de amor incondicional.
Dianna vem à minha casa, lava minha roupa, bebe do meu leite, lambe minhas chagas e depois – exausta – vela o meu sono. Ela, a mulher que me ama sem esperar o por vir, a gentil amazona que me cavalga em noites de amores despertos e se amalgama em meu sangue.
Sem nada haver prometido a essa doida, apesar da vontade quase me matar, Dianna espera cativa e bela instalada no sofá branco da sala de estar. Segurando uma taça de vinho entre seus delicados dedos brancos, fumando seu cigarro de cravo que me aguça e me broxa, reina absoluta.
Dianna que ouve nina simone e cantarola pela casa, quarto a dentro, de cabeça a baixo. Ah menina mimada, ainda te como como quem devora um doce coberto de creme. Te cuidas de mim mas sem pressa, elegante como essa taça que seguras tal moça fina que fala francês.
Dianna nem me pede nem exige quase nada, gosta apenas que a aninhe entre minhas coxas e roce minha barba mal feita em sua nuca. Generosa madonna, me mata a sede na seda dos seus peitos de grandes vales.
Dianna que cede sem sacrifícios nem dor, me deixa em postas a carne quase negra.
Dianna que se molda perfeitamente em meu pau e crava as unhas em minhas costas largas enquanto goza.
Deixou minha cama às quatro da manhã levando no rosto um ar de satisfação e entre as unhas, parte desse corpo magro que reluta e se engana. Segue abraçado apenas ao seu ódio e entorpecido de sentimentalismos baratos e afins.
Inventado por: Henrique Neto às 23:47 | Link |
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20040808
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Retrato de Iaiá
Esse menino é 'intiligente'! Dizia. Como quem fala de invalidez ou roga uma praga. Era um peso àquela descoberta, uma espécie de presságio malsã. Seguiu grave pensando ter trazido com sua existência um signo ruim. Cresceu pensando naquela velha mulher de cabelos negros que um dia predisse seu destino. Tentava fugir desses pensamentos mas esse exercício servia, na verdade, apenas como reforço de sua memória.
A cena se repetindo.
Os adultos esquecem que suas frases e atos ficam incutidos nas cabecinhas em formação das crianças, e a descoberta de uma criança 'intiligente' é um acontecimento fatídico numa família. Assusta. Tal como diagnóstico de hidroencefalia em um bebê que está por nascer.
Társio chegou em casa da faculdade e, encontra aberta a porta da sala. A porta que vivia trancada por dentro com pega-ladrão e tudo mais. Társio passa pela cozinha e vê a panela de pressão que chia sobre o fogão. Társio segue sem fazer barulho apartamento a dentro. Társio tem agora vinte e dois anos. Társio ouve alguém que inspira relaxado. O pai de Társio não chega cedo do trabalho. Tarsio vê através da porta semi-aberta do quarto principal, seu irmão nu em cima da cama que vigorosamente beija, chupa, mordisca, esfrega, penetra e invade com as mãos sua mãe. A mãe que nunca amou Társio. A mãe que contava a todos do orgulho que tinha do irmão de Társio. A mãe que dizia as visitas apontando para o irmão de Társio: Esse menino é 'intiligente'!
Inventado por: Henrique Neto às 21:47 | Link |
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20040802
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EM FAMÍLIA
A mulher do prefeito de Tangará, Vanira Alves, é candidata à prefeitura de Sítio Novo. O prefeito de Canguaratema, Jurandir Marinho, é candidato à prefeitura de Pedro Velho. Já sua mulher, Fátima, é candidata à prefeitura de Baía Formosa. Tudo no Rio Grande do Norte.
Nota publicada na coluna da Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo de hoje.
Inventado por: Henrique Neto às 09:25 | Link |
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20040801
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Habilidades
São três horas da tarde. Vejo no relógio sem querer acreditar. Lá fora, a cidade faz um esforço coletivo em querer me acordar. Estourei o prazo de enviar a coluna da semana e a luz da secretária pisca frenética com recados sisudos do editor. Dessa vez eu não escapo.
Deitada de bruços só de calcinha, uma quase estranha dorme no meu colchão. Por pouco não me esqueci seu nome, não fosse pelos dois enes que fez questão de frisar. Anna, é bom que conste. Com seu cabelo negro de azeviche dormia o sono dos notívagos. O apartamento estava tomado de restos e copos, não havia lugar se quer sem o testemunho da balbúrdia coletiva. Visto a calça me perguntando onde minha cueca foi parar. Na cabeça um pensamento pela ordem do dia: "vou jogar fora a garrafa do passport. Uísque paraguas nunca mais!".
Anna, atordoada, me pergunta que horas são. Respondo amável e ela sorri dizendo não se lembrar da noite passada. Ela com o cabelo belamente desgrenhado, desce comigo até a padaria onde tomamos café sem pressa. Anna chama a atenção dos presentes por sua beleza exuberante e pela cara de ontem denunciada pelo lápis de maquiagem escorrido no rosto.
Faz três dias que não vejo meu celular e isso me dá uma certa leveza. Sei que ele deve estar em algum ponto entre o quarto do computador e a área de serviço, mas a preguiça e a certeza que a Edna o encontrará na próxima faxina me deixa tranquilo – se não desapontado. A Edna é a prova irrefutável do quanto sou imprestável. Um homem que nunca lava suas próprias cuecas é a evidência mais clara de sua inferioridade perante as mulheres. Esse fato (isolado das demais incapacidades masculinas) prova que a mulher, com seu alto requinte e beleza de ser, está anos luz a nossa frente. Da infância a senilidade, o que seria de nós homens sem a providencial presença feminina? Quem mais nesse mundo é dotada da imensa capacidade de organizar e nos amar compulsoriamente?
Penso nisso tudo enquanto ouço Anna contar do seu trabalho no salão de beleza. Lembro de sua imagem de pura beleza agredindo aquelas dondocas gordas e pseudo elegantes, queimando o dinheiro dos seus maridos broxas na busca desenfreada pela beleza que não as pertence. E Anna lá, em seu trabalho inferior, lavando cabelos ruins entorpecidos de química, irradiando graça e despertando o ódio pequeno-burguês.
Anna chama minha atenção pelo seu modo único de comer com as mãos. Na noite anterior se deu por satisfeita somente depois de transar pela terceira vez. Exausta, desmaiou depois de gozar. Com rara obstinação e gosto pelo que fazia, Anna me presenteou com um dos melhores boquetes da cidade suscitando curiosidades que só nós, os homens, temos. Encontrar uma mulher com habilidades orais é como ganhar sozinho a sena acumulada.
Antes de se despedir, deixou claro que voltaria a frequentar meu colchão e alegrar as noites dos vizinhos que nos espiam através da janela aberta.
Inventado por: Henrique Neto às 10:55 | Link |
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