Baratos e afins
Abraçado a meu ódio, assim tenho vivido meus dias. Passo agosto esperando setembros, mas Dianna continua lá, firme em suas juras de amor incondicional.
Dianna vem à minha casa, lava minha roupa, bebe do meu leite, lambe minhas chagas e depois – exausta – vela o meu sono. Ela, a mulher que me ama sem esperar o por vir, a gentil amazona que me cavalga em noites de amores despertos e se amalgama em meu sangue.
Sem nada haver prometido a essa doida, apesar da vontade quase me matar, Dianna espera cativa e bela instalada no sofá branco da sala de estar. Segurando uma taça de vinho entre seus delicados dedos brancos, fumando seu cigarro de cravo que me aguça e me broxa, reina absoluta.
Dianna que ouve nina simone e cantarola pela casa, quarto a dentro, de cabeça a baixo. Ah menina mimada, ainda te como como quem devora um doce coberto de creme. Te cuidas de mim mas sem pressa, elegante como essa taça que seguras tal moça fina que fala francês.
Dianna nem me pede nem exige quase nada, gosta apenas que a aninhe entre minhas coxas e roce minha barba mal feita em sua nuca. Generosa madonna, me mata a sede na seda dos seus peitos de grandes vales.
Dianna que cede sem sacrifícios nem dor, me deixa em postas a carne quase negra.
Dianna que se molda perfeitamente em meu pau e crava as unhas em minhas costas largas enquanto goza.
Deixou minha cama às quatro da manhã levando no rosto um ar de satisfação e entre as unhas, parte desse corpo magro que reluta e se engana. Segue abraçado apenas ao seu ódio e entorpecido de sentimentalismos baratos e afins.
Inventado por: Henrique Neto às 23:47 | Link |
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