Da beleza potiguar e outros bairrismos
"Amanhã faz um ano".
Rosinha agora vive de contar o tempo passado. Há um ano deixou Caicó, o emprego, a casa com piscina e um amor mal resolvido que atende pelo nome de André.
Mora num bairro da moda na cidade grande. Trabalha para a tv globo e entre a casa e o trabalho, tem dificuldades em conseguir convencer o cara da padaria sobre o que vem a ser uma torrada. "– eu vou estar falando com meu gereinte para ver seu eu vou poder estar atendeindo seu pedido". Os paulistanos são mesmo limitados.
Rosinha sofre com a falta de horizontes dessa cidade, o excesso de filas e o formalismo dos rapazes. Acha eles educadozinhos demais pra serem cabras. Se diverte com o pernosticismo das meninas e o mal humor de Stop, o vizinho encrenqueiro.
Contudo, acredita que as coisas podem dar certo a qualquer hora (ainda mais agora que o patrão foi solto) e enquanto isso, gasta tempo fotografando o cotidiano em tons de cinza e grená.
Está se divertindo com um paulistano a quem batizou carinhosamente de "Bezão". Às mais intimas explica: "– é que ele é muito bonito e muito burro...". Sabe que precisa mantê-lo calado a qualquer custo e há dias desistiu de fazê-lo entender que Aracaju não é a capital do Rio Grande do Norte.
Inventado por: Henrique Neto às 21:26 | Link |
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