Saudade sufocada
Flagrado pela mãe enquanto via fotos de beldades nuas no computador, surpreendeu-se com seu comentário seco:
– que besteira!
Outro dia o constrangimento foi maior – para ele –, enquanto boteava uma morena acre e vivia o céu e a delícia dos prazeres de menino
a mãe entra distraída leito a dentro, se encolheu tentando amenizar sua nudez em pêlo
Ela retrocedeu despistando a invasão impensada.
Um tolo completo!
Só as mães sabem as dobras do nosso ser
conhecem cada canto de nosso alma
e ainda assim, nossos pudores com a nudez ocasional.
Meninos são sempre meninos.
Coloque aqui, morena, um tracejado para que não te esqueças.
Hoje, enquanto batalha uma grana, pensa nas atitudes que toma e acha que não sabe como agir.
Um engano!
Grife essa parte também, meu bem.
Geraldo, me socorra numa hora dessas com sua caravana e seus príncipes brilhantes.
Eu dizia das ligações cósmicas e eternas.
Dizia, ainda, que hoje em dia ela se resume a pastilhas de revestimentos,
sobrevive de reuniões familiares ocasionais e incompletas
lembranças furtivas e a vontade dos que não disseram claramente que a amavam.
Essa crônica se encerra aqui
com uma impossibilidade
uma saudade do caralho
e a obrigação famigerada de acordar todos os dias fingindo que nada aconteceu.
Inventado por: Henrique Neto às 21:21 | Link |
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