É sobre um bufete bem dado na cara e o dia em que Sônia dançou
Era uma história sem rimas para parecer de verdade. Só sei que tinha uma banda de metais, muita gente na rua e clima de comício no auge da campanha. De braços com o marido Sônia dançou. Dançou no meio da multidão e a irmã do meio não soube disfarçar a alegria de presenciar àquela cena.
[Corta].
[A câmara volta dez anos no tempo e filma uma conversa dela com o primo, prefeito pela quinta vez].
Um roto, pede necessitado um par de chinelo havaianas, recebe um não, persiste, causa incômodo, ela – sem delongas – saca as suas dos pés e dá em troca de paz na conversa. "Tome e vá-se embora, meu senhor!". Coração grande quem tem são os outros.
[Corta].
[Volta para os dias de hoje.]
Ela deixa para trás as netas e a certeza de que não quer ir, mas vai voltar a viver os velhos tempos. Retrato de candidato pregado na parede da rua, deixando bem claro em quem se vota naquela casa, comício com polícia, atentado à moral, infâmias, calúnias, palavras e leviandades.
Um dia antes bate-boca, santinhos rasgados, escândalo na rua principal, a casa vivia de novo a mesma cena. Bacurau que não fala com arara, que evita o povo do comício dando o dedo sem pudores. Um vexame!
Simulação de homicídio, carro furado à bala, hospital e ambulância. Não acaba mais assunto de palanque. A adúltera, a meretriz, a casa da praia e tantas mumunhas que não há ouvido nem pinico que chegue.
Por saber que Deus está vivo e com a certeza de que Elvis não morreu, oxalá que tudo se acabe sem tiro certeiro, bufete bem dado na cara e uma conversa depois da apuração dos votos.
Nordestino quando dá para gostar de política, fica insuportável.
Inventado por: Henrique Neto às 11:05 | Link |
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