Jardim da Penha
Não era mais o mesmo. Se deu conta disso enquanto caminhava pelas ruas de labirintos do Jardim da Penha. A noite estava gostosa em Vitória, não pediu um táxi e aproveitou para caminhar. Sonda-se que a dor viaja junto com a gente.
É uma hipótese ainda. Investigará mais detalhadamente na semana que vem.
Não planejava seu futuro. Tinha uma namorada a quem amava, um trabalho que suportava, uma bicicleta fiel e alguns amigos bons. Vida normal, meu senhor. No começo não suportava a ilha. Toda sexta era ponte-aérea, churrascos na casa de amigos e uma vontade da porra de não viver àquela cidade. Depois, como quem se aclimata, deixou de lado as comparações, o pernosticismo e presunção – velha companheira.
O apartamento era do tamanho ideal. Na sala um sofá redondo apenas, paredes alvas e nuas como meninas em flor. Tinha o verde da janela, tinha pássaros matinais, tinha rede preguiçosa e uma questão na cabeça. Onde estaria no ano seguinte? Heim? Sabia que ali estava uma pausa na sua vida. Uma vírgula, na verdade. Analisou a si.
Tinha uma música no ar. Tinha uma luz magistral, um frescor e a casa, hoje afirma com certeza: "– flutuava!". O cheiro do mar, o cheiro das ervas, o som das crianças brincando no pátio e algumas poucas certezas. O ordenado no fim do mês, a gratidão dela, os beijos molhados e a total ausência da solidão. "– Tv para quê?".
Inventado por: Henrique Neto às 13:43 | Link |
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