Presença
Suponha que eu não seja tão feliz quanto você imagina. Suponha agora que eu ainda morra de saudades, e que meus dias são divididos entre o tempo que passo ou não pensando nela. Isso posto e todas as presunções que advenham desse pensamento mastigado, saiba que eu, aqui vertido em palavras, ainda sofro demais pensando. Apesar dos onze anos idos. Depois desse tempo todo, ainda não entendi, aceitei, contemporizei ou pelo menos soube localizar esse fato. E com você não será diferente. Saiba. Não quero contudo dizer que é só tristeza, saudades e mini-depressões. Não. Mas não utilizo subterfúrgios simplistas para disfarçar a dor. Deixo a dor doer e sigo minha vida. Ora disposto, ora alegre, mas a sombra leve da sua presença não me deixa. Nunca me deixou. Você já teve a impressão de estar sendo seguido ou observado? Já? Pois é assim que me sinto. Sempre. Não chega a pesar, mas conta. Com você deve ser o mesmo, mas por outras razões as quais você sequer consegue dar nome. Entende agora do que falo? Melhor.
Saiba ainda que tenho comigo uma certeza, por mais que eu ande, essa dor não se apartará de mim. Um fado triste, ora direis. Não sei se daria esse nome, mas o que dissestes tu passa bem perto e isso é um fato. Admito com certa resignação. E quer saber? Faz bem admitir fraquezas. Beira a redenção.
Ia escrever um texto alegre, recheado de humor hermético e piadas privadas, mas umas doses extras, uma chuva que não cessa e a saudade que não sai, me levaram para outro lado. Cá estou no banheiro, computador de colo, banhado até os ossos de chuva e a dúvida se vou a Cabo Frio ou Guarujá. O que no fim dá no mesmo, visto que agora estou acompanhado dela.
Inventado por: Henrique Neto às 22:23 | Link |
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