Olhos Grandes

Olhos Grandes cor de mel, escondem-se atrás de cílios igualmente grandes. Não há inteleligentsia nem sua pretensão, apenas o entendimento do mundo e seus esquemas através do carinho e do toque. É, de direito, uma pessoa e além disso sabe dar carinho, apesar das poucas palavras.

À namorada, ao irmão, ao pai, à mãe, aos amigos e até à cunhada. Sabe e afaga a todos. E quem hoje em dia (nesses tempos de conexões via banda-larga) se lembra de fazer um carinho? Não há tempo a se perder com amenidades. Há de se otimizar as tarefas, a conta, o forno microondas, e talvez aos sábados, comprar flores na feira.

Ligou para saber, perguntou se estava tudo bem, tentou entender a situação, contemporizar as novidades tantas mas, sabe que no fim de tudo sentirá muita falta. Deus, como gostava! Sempre gostou, notou que ali se encontrava um ser especial. Como essas pessoas vêm parar em nossas vidas?

Pensa em ligar todos os dias para matar a saudade, saber se está bem, se comeu alguma coisa antes de sair para trabalhar, se tem ido à escola e essas besteiras que a gente pensa sobre o outro quando gosta. Fica preocupado, quer fazer uma surpresa tola, dessas em que se aparece sem avisar. Fará.

Olhos Grandes, não se apresse não, tudo há de mudar. As pessoas comprarão menos celulares e darão mais abraços. Deixarão de lado seus carros e condomínios de grades altas, para se beijarem mais. Desse dia em diante, quem sabe, haverá mais compreensão, que é por fim, o que todo mundo busca e quer.

Inspirado em 'Princesa', música de Amado Batista.