Na boa
Sábado, cinco para as dez da noite. Depois de um dia que começou cedo com trabalho, sono no meio da tarde, ligação de amigos para saber as novas e contar as velhas, decido não sair de casa. Vou ficar aqui na minha caverna por uma razão muito simples: o mercado de carnes destes dias, me deixa fastigado (sometimes).
Um preâmbulo. Sou jovem, solteiro, saudável e 'deveria' estar na noite, mas antes uma pequena confissão. Não tem nada mais chato que esse jogo de cena e a facilidade dos amores de 'fast-foods' dos dias que correm. Vamos combinar, vai? Fica sozinho hoje quem quer, pois a velha lei de mercado está mais para quem compra que para os que vendem. Haja oferta para tão poucos compradores realmente interessados.
Morar em cidades como São Paulo então, tem vantagens mil. Você sai, beija, arrocha, traz para casa e antes que o dia amanheça, faz de tudo para que a doce amante se vá. Tudo isso sem cair na boca da vizinha, cheia de varizes e frustrações – quem, aliás, você também não conhece –. Se não quiser maiores incômodos, omite-se o telefone à namoradinha-miojo, e lá se vai mais uma pequena ação de grandes resultados.
A gente entrou numa fase de colecionar número e descartar relações mais duradouras. Intolerância total, agindo como deuses que repreendem os mini-defeitos alheios, achando não os ter e portanto, não precisar tolerá-los.
Uma amiga, sábia em suas colocações, me disse que por aqui, são raros os que declaram-se namorando. Quando a pergunta ingrata sobre o estado civil da criatura é lançada, há divagações mil na tentativa de uma resposta, mas um "sim" quase nunca vem. Ninguém está afim de dividir gavetas, pois 'o que vira' mesmo são as ostentações e outras meninices patrocinadas pela suada/sagrada 'plata'. Cada um com o deus que lhe apetece.
Claro que ficar em casa trancado com medo da rua, só fica bem nas músicas da Ângela. Quando se está afim, badalar, ficar ou simplesmente curtir a noite é, sim, uma excelente pedida. O mal está em fazer a tudo isso por uma simples questão de hábito, querer a 'pegada monstro' só para exibi-la no currículo; pois como dizia minha mãe no alto de sua simplicidade: "pecado não é o modelo. Pecado é o exagero".
Inventado por: Henrique Neto às 22:27 | Link |
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