"São Paulo, 25/07/05.
Sampa experience XXXVI – Bananas
'Avisamos que esta peça tem cenas fortes de nudez, sexo e escatologia, podendo causar mal estar às pessoas mais sensíveis', anunciou prudentemente o rapazinho encarregado do som, empoleirado atrás de mim na platéia. Quem se achasse enquadrado nesse adjetivo, essa era a chance de inventar que ia ao banheiro e assinar o atestado de frescurite, abandonando o assento pra nunca mais voltar.
Mas quem vai a uma peça chamada "A Filosofia na Alcova", baseada em textos daquele que deu origem ao sadismo e que começa na primeira hora de uma madrugada, deve estar preparado para, no mínimo, um nuzinho frontal à meia-luz, não? Como eu, que ali estava sob a ressalva cultural do negócio. "Será que vai ter sexo com frutas?", questionou Sarina, mostrando-se moça até mais preparada do que esta escriba para o programa sabático-dominical.
O teatro lotado provava que não eram apenas os meus zoím curiosos que estavam dispostos a apreciar tal expressão artística tão visual. O enredo era o seguinte: jovem moça é mandada pelo seu pai, libertino com carteirinha de associação e tudo o mais, para ser iniciada nas artes da safadagem por dois amigos de sua categoria.
No início, os peitinhos eram tímidos e os pêlos pubianos, meros antagonistas. Mas a cada apagada de luz, foram se tornando os atores principais. E eram tantas tetas e chupadas e paus pra fora e línguas que o fio condutor, a história em si, eu nem lembro mais como é que se desenrolou.
Olhei para o casal ao meu lado e vi que eles apreciavam, manualmente, a peça de forma interativa, privilégio concedido pelas saias nem tão curtas nem tão longas que a moça usava. Entreguei a Deus e passei a exercitar o voyeurismo somente, já que àquela altura do espetáculo, quem queria saber se o texto era do Marquês de Sade ou se a direção de arte tinha sido criteriosa na escolha dos objetos de cena?
'Uma imagem vale mais que mil palavras', baby, isso é clichê batido e ponta virada que não tem arremedo não! E tanto minhas expectativas escatológicas como as sexuais foram superadas. Só faltou mesmo foi o danado do sexo com frutas!"
by: Rosilene Pereira (ou Rosinha, por extenso).
Inventado por: Henrique Neto às 22:06 | Link |
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