Misture, mas não confunda
A globalização chegou para ficar no forró. Agora não tem mais volta. O chamego cinco estrelas, levianamente acusado de derivar de 'for all', foi invadido por hordas de orientais, portuguesas, italianas e outras tantas modalidades desse bicho bom, abençoado por deus e bonito por natureza (salve Jorge!).
Que doce invasão, oh caro forrozeiro! Agora é a vez das nipo-Tiêtas. Elas já estão na beirada do salão, sapatilha bailarina nos pezinhos orientais, ar brejeiro, vestidinho de chita, e aquele inconfundível olhar de 'bora chamegar, meu nego' estampado na face. Uma japonesa à moda do baião, vale mais que duas voando, diria o velho Lula se ainda estivesse por essas bandas. O forró marcado na pancada do zabumba vai reconquista as 'oropa', re-fundar a América e botar ordem na fuleragem da mistura com o samba-roque. O remelexo vai voltar a ser na base da chinela, e ai dos moçoilos adeptos das famigeradas rodadinhas, como gazelas em flor. Esses arderão na fogueira dos que nunca chamaram as 'cabôca' na chincha. E tome rala-coxa, porque quem roda solto feito 'avoador' sem 'pareia', vai pagar de Carolina no meio do salão. Sanfoneiro que é bom não cochila nem deixa o fole cair. Menina que aprecia Ximboquinha e o rala-bucho sabe se encaixar no meio das coxas, e de lá só sair depois de sentir a alegria subir e o calor aumentar. E que venham do estrangeiro as meninas de qualquer cor, credo ou modelo de 'alpragata', porque no poeirão do terreiro, ao som do tri-li-lingue e da sanfona, somos todos sertanejos. E dessa festa, só fica de fora os abestalhados que insistem em reinventar a roda.
Forró nunca foi 'universitário' nem 'pé-de-serra'. Isso é coisa de sulista deslumbrado. Forró-bodó e fobó, tudo bem, mas nem me venha com suas batas e essas modinhas.
É por essas e outras que diante dos teus olhos vos digo: misture, mas não confunda.
Colaborou: Rosilene Pereira
Inventado por: Henrique Neto às 00:44 | Link |
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