Flamengo x Botafogo – Uma crônica por quem assumidamente não entende do assunto.
Sábado de carnaval, Rio de Janeiro, turistas de todos os cantos, uma tarde de céu limpo e no Maracanã um Flamengo x Botafogo com direito a estádio cheio. No coração da torcida rubro-negra a paixão que não se apaga, nem mesmo com o time jogando uma partida para lá de medíocre. Apesar do 3 x 2 arrancado a duras penas, as arquibancadas do estádio vibravam com a nação do 'unidos pelo Flamengo até a morte'. Lindo o desfile dessa escola. Nem os passes errados, bolas fora, gols perdidos e tomados esmoreceu o povo rubro-negro. Era comovente até para quem não manja da arte-mor da nação, ver tanto entusiasmo por um time que já viveu melhores dias.
O Botafogo faz mais um gol, mas ainda assim a Nação não desanimou. Preferiu cantar, bater palma e levantar a moral do time, tão murchinho em campo. Devoção assim só puta tem. Elas são mestres em sofrer, se arrastar, apanhar, e nem assim desistir do seu amor bandido. A paixão (sempre ela) fez a torcida do Flamengo entoar gritos de guerra e usar da criatividade para chamar o árbitro de ladrão. Era um tal de "Edílson... Edílson..." (Edílson Pereira de Carvalho, aquele da máfia do apito) e "deixa de bobeira/ deixa de bobagem/ já virou sacanagem".
O cronista, emocionado por finalmente conhecer o Maracanã cheio, pulou, cantou, vibrou e quem o viu assim, haverá de dizer tratar-se de uma flamenguista roxo. Não é o caso. Meu apreço pelo esporte que move multidões é muito tímido. Sou, como dizia Nelson Rodrigues, daqueles que chegam ao estádio e perguntam quem é a bola. Um vexame para ninguém botar defeito.
Já de volta para casa, na estação de metrô, um grupo de japoneses filmavam foliões a caminho do sambódromo, mas ao avistarem a torcida flamenguista tomando o local, mudaram o alvo de suas câmeras e gritavam: Zico! Zico! Zico!
Foi lindo ver a maior torcida do Brasil se acabando pelo Mengo. Mais lindo ainda era um boy de uns cinco anos, devidamente trajado, vibrando junto com seu pai. Essa cena serviu para afirmar que, apesar de tantos malogros flamenguistas, ainda haverá muitas tardes de sábado com estádio cheio e bandeiras rubro-negras emocionando a quem se permitir assistir a tal espetáculo.
Inventado por: Henrique Neto às 09:31 | Link |
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