Fast-pleasure
Falávamos das incompatibilidades do amor nesses tempos de banda larga. É que as meninas de agora preferem relações abertas - pássaras a voar por ninhos tantos. O desassossego para quem ainda acredita em paixões, não vai à raves e só usa a rede para tirar um cochilo.
É meu amigo, como diz o velho Dylan: 'times are changing' e a gente discutindo princípios, base familiar, casas com quitais, comida feita pela mãe e todas essas coisas demasiadamente velhas. Nem parece que foi ontem, mas tudo mudou e nós aqui em nosso mundinho, lutando para manter as nossas características qual bicho milenar.
Já não se dá mais flores à mulher amada. Seresteiros também não há. Ficou tudo reduzido a um punhado de pixels numa selva de relacionamentos eletrônicos, o oco e Narciso bebendo de novo na fonte do fast-pleasure.
Sofremos do incorrigível mal da anacronia, meu caro, porque os 'modernos' querem mesmo é tomar esteróides, anfetaminas, extasy, vasos-dilatadores, se acharem lindos, fortes e viris, mas tudo só por uma noite. No dia seguinte, o bode e a angústia são grandes demais para prozacs de menos.
E nesse vasto paraíso artificial, que mulher há de querer um amor de verdade, a companhia agradável de um chato romântico, ou até mesmo quem se importe com mais alguém além de si mesmo?
Inventado por: Henrique Neto às 10:53 | Link |
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