Não. Publicar o texto aqui sem a devida autorização, poderia me render uma temporada na cadeia, e por esses dias, cadeias têm sido locais muito ariscos para se passar temporadas.
Navegas macia pela casa entre corredores e móveis Passas com ar de quem não pertence a canto algum se não à velha casa do pai A casa onde o mundo se fez e nela tudo aconteceu
Vigiavas humores e cheiros cotidianos sem jamais perceber que um dia terias de deixar E mesmo que desconfiasses levemente da vida do lado de cá da porta – apesar de te advertirem ser bem menos afetuosa e cheia de armadilhas – partistes. Por que só quem carrega consigo a pequena certeza parte
Daí vem a vida e deixa contigo uns fardos mas tu, brava e temerosa, preferistes continuar Exatamente tu, que ainda sem saber és forte e tomada de uma pureza d’alma há muito em desuso.
O frio que por vezes tantas te fez tremer Nem desconfiava que só tu, com teus olhos de criança eterna saberias enfrentar temporais se secar da chuva sair para um novo temporal e tempos depois – já de volta à casa do pai sentir saudade e rir da própria saudade.