Novo horizonte
Os homens da administração pública prometeram limpar o horizonte. É que os moradores da cidade andavam com a vista castigada de tanta palavra embotando a paisagem. São Paulo, que nunca teve tempo de olhar para o panorama, agora repousa a vista sem a urgência do cartaz.
Já era tempo de trocar placas por árvores. A vista não encontrava repouso, era tudo um grande anúncio em letras garrafais urgindo, ordenando, exigindo atenção. Agora é a vez das linhas, das construções, das moças que passam elegantes a caminho do trabalho.
Entre buzinas desfocadas, relinchar de motores e passeio púbico lotado, resta a esperança de recuperar a paisagem, ainda que tudo se transforme em uma grande aquarela em tons pastéis e cinza desbotado. A cidade nem se deu conta, mas há tempos não servia nem para cenário de ficção futurista.
Tem rio morto cortando a cidade - ferida exposta de Piratininga -, tem pouco verde e muito concreto, mas como nas ‘oficinas’ de florestas, há de se encontrar tempo para ver a moça que passa. Eu quero ver a moça passar. Com toda manha e charme que as paulistas têm, anúncios abram alas para as meninas passar!
Inventado por: Henrique Neto às 12:03 | Link |
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